terça-feira, 12 de maio de 2020

MEMÓRIAS DE PUTAS VELHAS, (O LIVRO SERÁ LANÇADO NA EUROPA)


“A PUTA QUE QUERIA SER CAPA DA “PLAYBOY”

(1ª edição)

(Neca Machado)
BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta, Folclorista, Contadora de Estórias, que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017, 2018 e 2019. Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 28 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017, 2018, 2019, 2020. Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa em 09.09.2017, A Vida em Poesia 2, coautora na obra “A vida em Poesia 3”, 2018, coautora na obra “a vida em poesia 4” (14.09.Lisboa-2019) coautora na obra lançada em Genebra- Faz de Conto (Make believe) bilíngue, português e inglês, 2018, coautora na obra lançada em Zurique “Tributo ao Sertão-2018”, coautora na obra lusófona (Além da terra, além do céu, lançamento em São Paulo- 2018) co autora na obra lusa – Liberdade-editora Chiado-2019, co autora na obra lusa Poem’art, Porto-2019. Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 30 blogs na web, 26 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)


“A PUTA QUE QUERIA SER CAPA DA “PLAYBOY”


Década de setenta, ELA (  ) na flor da idade, saída dos 18 anos, o corpo lindo, literalmente era uma BONECA diziam nas ruas quando passava, os seios fenomenais, as curvas, um verdadeiro sonho para quem queria ser Miss, naquela época onde as Misses eram a beleza máxima de uma cidade e do Brasil, tentou estudar, mas parece que a cabeça não ajudava disse a Mãe, “parece que tinha comido caroço de pupunha”, os cabocos da Amazônia sempre tem alguma resposta na ponta da língua para qualquer coisa, muitas vezes criam um linguajar próprio, noutras criam citações, e provérbios populares que passam de geração a geração.

E. Ela sonhava, sonhava acordada, debaixo do velho Muricizeiro cheio de frutos, e parece que o cheiro da fruta a embriagava.

Um dia uma conhecida lhe viu, e lhe fez uma proposta tentadora, trouxe-lhe uma revista que achou no lixo, onde Mulheres nuas se mostravam como vieram ao mundo, era a década de setenta e na capa a bela Marylin Monroe, marco na 1ª edição de lançamento, a revista de entretenimento masculino foi a realização do sonho dela, a proposta da tal “cafetina” era para atravessarem o Rio Oiapoque e irem para a Europa, e lá Ela ia ser a CAPA DA PLAYBOY.

Acreditou! Para seu azar.

A odisseia de raiva começou logo na estrada com destino a Oiapoque, não tinha estrada, o período de chuva, era só lama, e a lama segundo ela “batia na canela”, Puta que pariu, riu sem dentes das lembranças.
Num carro velho, lama, sujeira, sem comida, mosquitos, homens sujos de barro até o olho, suor com raiva e a vontade de desistir, e teve sorte, o ajudante do carro velho, viu que ela era linda, tentou uma cantada e parece que colou.
Se ofereceu para leva-la no colo, e naquele meio do mundo, inferno, ela aceitou, começou aí um namorico até chegarem ao Oiapoque, sem comida, as latas de conserva que o motorista levava, matou-lhe a fome.
Chegando na cidade, não tinha energia, outra raiva, e para melhorar, o dinheiro que tinha, era uns poucos trocados que logo ia acabar.

E a Cafetina insistia que ela seria a Capa da revista PLAYBOY.

Coitada, nem sabia uma palavra em inglês, muito menos francês, como ia se virar quando chegasse em Caiena era a sua preocupação.
E a tal amiga da Onça, ainda tentou que ela logo começasse na profissão, olhou para o lado, viu um estrangeiro, e disse: está na hora de trabalhar.
E ela sem entender.
Como?
E a cafetina ensinou: vai lá puxa conversa, ele está te olhando desde que chegamos aqui, pede para pagar uma comida, precisamos de dinheiro para pagar a catraia, e ele tem franco, vi quando abriu a bolsa.
E aí sua vida de prostituta começou.
Chegou pelo mato a Caiena, a perna toda ferida, cortada de capim brabo, cansada.
E como era jovem e bonita foi parar num puteiro de um chinês esperto.
Sempre pensando na tal CAPA DA PLAYBOY.

No show que se apresentava, se vestia de COELHA,

Conheceu um gringo e ele lhe disse que ela era melhor do que as PLAYMATE da PLAYBOY.
As famosas Mulheres das capas.
Os anos se passaram, arranjou muitos clientes, aprendeu algumas palavras do francês, não conseguia ter sotaque, foi expulsa pela polícia, num dia que resolveu passear na rua, e de volta ao Oiapoque, ainda pensava que poderia ser mesmo a capa da tal revista. Coitada! Triste ilusão.
Está viva, na porta dos seus oitenta anos, lucida, atrevida, cheia de lembranças, muitas delas AMARGAS.

Teve filhos, de vários homens que nem sabe quem é o pai, tem netos, um deles nem sabe de sua estória, triste estória de uma velha prostituta que não quer ter memória.
E ainda guarda com tanto cuidado uma foto de quando era jovem, bela, cheia de vida, e poderia ser a tal capa da Playboy, (que nem existe mais, está quase a falência, complementei)
Agora tudo está na internet, lhe disse, na época do Corona vírus, as PUTAS DIGITAIS foram valorizadas, o problema é que quando vier a conta dos cartões de créditos, muitos divórcios virão à tona, sorri.
E. Ela ainda complementou:

Acho que vou pedir para o meu neto que gosta de informática, fazer uma montagem minha na capa da PLAYBOY.


E eu sorri, e ela soltou uma bela gargalhada.