CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE
PARTE
02
(A bela Pedra do Guindaste, secular no leito do Rio Amazonas, imponente,
como fonte cultural da mitologia da Amazônia, tem milhares de mitos e lendas
que povoam o imaginário popular)
Por:
Neca Machado – Pesquisadora da cultura tucuju
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa,
Oceania, América do Sul) 2016, classificada
em 2016 na obra brasileira
“Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,
classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau
Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista,
Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017,
Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do
Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada,
Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs
na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)
CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE
·
E a velha Pioneira se espreguiçando toda,
puxava na memória seu arquivo de estórias mitológicas, da encantadora Pedra do
Guindaste do leito do Rio Amazonas na frente da cidade de Macapá-Amapá.
E voltou
a desafiar: tu lembras do hospede do
Hotel? E o ouvinte de novo a balançar a cabeça com o sinal de não.
E iniciou
assim:
Era
uma noite de festa, daquelas que só Macapá sabia dar, mordeu o beiço, hum!
Bons tempos,
e continuou: a festa tão animada, acho que tinha um nome de estrangeiro, muita
fruta sobre uma mesa central, e o ouvinte disse: não era o baile do Hawai?
Sim,
sim, era esse mesmo nome.
O tal
homem bebeu demais, passou da conta, começou a irritar outros convidados, e
colocaram ele para fora.
Parece
que desnorteado disse que ia urinar ali,
Foi e
nunca mais voltou vivo
Voltou
no outro dia, dentro do camburão da polícia técnica, sem olhos, sem as pontas
dos dedos, sem roupas e desconhecido, dizem que os “tralhotos” comeram seus
olhos.
Eu não gosto desses peixes, até entram por aí
e não saem mais do corpo da gente... Égua!
E soube
de mais tarde, muito tarde, que ele aparece nas escadarias do hotel querendo
buscar sua mala, dizem que mora na Pedra
do Guindaste.
·
E cutucou no ouvinte, e da mulher queimada? Hum!
O incêndio
que devastou parte das Docas de Macapá, além de muito prejuízo aos empresários da
época, também fez vítimas fatais.
Em um
dos quartos uma bela mulher vinda das ilhas do Pará, com seus cabelos dourados,
o povo diz que era gringa era linda, o povo falava, não conseguiu sair das
labaredas, seu corpo em chama foi consumido pelo fogo, e ela ainda teve forças
de correr seminua para as bandas da Fortaleza.
Minha comadre
diz que foi no enterro, deu muita gente, mas ela estava toda inchada,
Credo,
Como a gente fica depois de morta repetiu.
Escutei
muito tempo depois que ela voltou.
Mora agora
ao redor da Pedra do Guindaste.
Dizem que
já apareceu para muito pescador, dizem que corre sobre as ondas com um véu de
fogo, e some feito um raio ao anoitecer.
Cruz credo!