CRONICAS
DA NECA MACHADO
MEMÓRIAS
DE PUTAS VELHAS
CONFISSÕES
DE PUTAS VELHAS- LEMBRANÇAS AMARGAS
“A COLCHA
DE CHENILE”
Significado de Chenile
Substantivo feminino:Fio fofo de lã, algodão, seda ou raiom, com fibras salientes ao
redor.Tecido feito com esse fio, usado para colchas, cortinas e tapetes. Etimologia (origem da palavra chenile). Do francês chenille.
Quando
ELA ( ) envelheceu, foi que percebeu que
tinha milhares de LEMBRANÇAS, e
muitas delas, somente AMARGAS.
E
entre um sorriso ligeiramente amarelo com falhas nos dentes, foi que percebeu
que tinha sido enganada por um velho “Marreteiro”
da qual ELA era cliente décadas.
Numa
Kombi velha com um microfone fanhoso, ele aparecia nas baixadas da velha
Macapá, vendendo de TUDO, e ELA (
) lembra como se fosse hoje, sua primeira compra foi um jogo de panelas,
que lhe trouxe muita indignação, quando colocou no fogo, uma das alças caiu, e
prometeu que assim que ele aparecesse, iria reclamar que o produto não
prestava, e ELA, nem sabia ainda da
febre que viria no futuro dos tais descartáveis da China. (rs...)
Depois
se tornou uma cliente fiel.
Ela também tinha seus CLIENTES de fora (Caiena) que lhe pagavam em franco.
Consumista
como dizia uma falsa amiga, ELA
comprava de tudo no Marreteiro, tudo era novidade para uma CABOCA pobre que nunca tinha estudado, mas que agora já podia até
pensar “numa motinha”, num fusca, ou até numa velha Kombi para fazer frete para
os quitandeiros do Igarapé das
Mulheres, sonhava, e sonhava alto.
Tinha
visto numa revista jogada no lixo uma bela COLCHA
DE CHENILE, gostou do nome, CHENILE,
nem sabia o que era, mas gostou do nome, conversando com a falsa amiga de
“ponto” disse que quando arranjasse um marido ia colocar no filho o nome de CHENILE (rs...)
E eu, sorri (gosto muito de escutar estórias)
E aí, lembrei de uma frase de minha Mãe (Dona
Izabel) que dizia: que todos os nomes têm
algum significado, e tinha.
E ELA
( ) continuou.
Vou
comprar uma COLCHA DE CHENILE, era
seu pensamento diário.
Já se imaginava deitada numa COLCHA DE CHENILE, cheia de bordados
com fios de ouro, pensava até no travesseiro também.
Disse alto, talvez falando sozinha: meus clientes vão amar minha colcha de
chenile.
E não via a hora do tal Marreteiro aparecer.
Esperou ansiosa por ele,
Um belo dia lá vem ele de novo com o tal
microfone fanhoso, ELA correu feito
doida, trouxe logo o cartão do Marreteiro, e antes que ele anunciasse as tais
novidades trazidas da França (rs...). Ela logo se antecipou.
QUERO
UMA COLCHA DE CHENILE.
O Homem arregalou os olhos, levantou a tampa
do bagajeiro e puxou um pacotão de lençóis coloridos.
E ELA
nem pestanejou.
Só queria saber o preço e em quantas
prestações ia pagar.
Teria que aturar muito CLIENTE DE CAIENA para pagar a tal preciosidade, mas valeria a
pena, segundo ELA.
E nem
lavou. (CRUZ CREDO)
Colocou logo para experimentar na velha cama.
E aí, sua imaginação foi a LUA.
Nem conseguiu dormir direito.
No primeiro cliente a COLCHA de CHENILE, foi um sucesso.
Na semana seguinte, ela começou a perceber
que tinha umas bolhas nas pernas, depois começaram a crescer,
E ELA coitada,
tinha que procurar o DENERU (rs...) achava que tava com alguma doença braba.
Nos dias seguintes a tal colcha foi um
martírio.
Deu uma coceira tão forte que ela repetia as
falsas amigas: acho que tenho CURUBA BRABA.
E tudo
foi por causa de uma tal COLCHA DE CHENILE FALSA.
Que de Chenile não tinha nada, repetia
revoltada.
E agora depois de mais de 50 anos, as
lembranças amargas, são somente parte de seu passado, e ela agora sonha ser
enterrada com lençóis de seda.
LIVRO DIGITAL
CRONICAS DA NECA MACHADO
“MEMORIAS DE PUTAS VELHAS-LEMBRANÇAS
AMARGAS”
(PUTA FOLÓ)*
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, premiada em 2016 com
classificação na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso
Urbs, classificada com publicação de um
poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da
Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 16 obras lançadas em
Portugal em 2016, 2017, e uma em Genebra em 2018, em edição bilíngue português
e inglês, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com
25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em
crochê.)
Sentada em uma velha cadeira de
macarrão curtida, com alguns fios soltos em uma varanda dentro do Lago onde
ainda com lagrimas nos olhos, reclamava por não ter tido um lugar melhor para
morrer no fim da vida, ela apenas escutava o canto dos Sapos dentro “daquele
inferno” na terra, e se perguntava: porque essas porcarias não param de gritar
mesmo com chuva?
Nunca foi uma Mulher para morrer dentro do
Lago, rodeada de aningas, uma ponte podre, ratos sobre a mesa do jirau, vermes
por todo lado, o barulho das músicas ensurdecedoras dos fins de semana de seus
vizinhos mal-educados, que não a deixavam dormir, o cheiro de merda dos
banheiros ao ar livre a incomodavam, a cabeça coçava, eram piolhos, cruz credo,
e olha que contradição, ela que era da noite, triste fim para uma PUTA VELHA.
Era
linda, corpo escultural, cabelos ondulados, vaidosa, seus seios cheios de
sedução, suas pernas, um pouco tortas, mas era de menos, mesmo “na vida” ela ainda tentou ter família,
teve filhos de vários casamentos, que agora tentavam sua sorte, muitos sem sorte, teve um que ela se
amargurava, tinha orgulho dele, mas, ele: contava para as falsas amigas; nunca
teve sorte, “agora se juntou com uma Puta
velha cheia de filhos pra ele criar, olha a sina do coitado”.
E aí,
se lembrou da briga que teve no Cabaré com outra PUTA VELHA.
Foi um
auê! Sorriu sem dentes.
FATOS
Na caixa de som meio fanhosa do
velho Cabaré no fim dos infernos, os clientes tentavam dançar ao som de músicas
românticas, encostados nas quengas,
se excitando para acabarem a noite em catres ou leitos das caceteiras, cheios de ilusões e sonhos que os tornariam realidade,
quando a luz se apagasse, e ela confiando numa falsa Amiga, contou-lhe seu segredo, disse que nunca
mais confiaria em alguém: contou que tinha um cliente fixo que sempre que vinha de Caiena ficava com ela, (mas resmungou: cruz credo, o Homem é um
Cavalo, me arrebentou toda, quase que fui pro gelo....”)
E
pensou que o tal Segredo jamais fosse revelado.
Noite
de sonhos, festa a rodar, a música de Altemar Dutra enchia o salão.
Sentimental eu sou, Eu sou demais
Eu sei que sou assim
Porque assim ela me faz
As músicas que eu,
Vivo a cantar Têm o sabor
igual
Por isso é que se diz
Como ele é sentimental
Romântico é sonhar
E eu sonho assim
Cantando estas canções
Prá quem ama igual a mim.....
E ela, naquela noite, estava linda, fez o
cabelo, pintou as unhas, vestiu seu vestido de festa, sapato alto, perfume
barato…E conquistou um belo Peixeiro dono
de uma embarcação de Pesca, que tinha até um carro vermelho, e não sabia, que
ele era disputado pelas gorjetas que deixava.
Foi quando em uma dança, recebeu um chute na
perna e quase caiu.
Era uma rasteira.
Foi quando escutou um grito ensurdecedor:
PUTA
FOLÓ, ELA É FOLÓ!
O homem
se espantou.
Se explicar, nem tinha explicação, a porrada
correu solta, pontapés, puxão de cabelo, unha quebrada, cara cortada, gente
correndo….Policia, mas, até no puteiro tinha policial de plantão, eles iam lá
de vez em quando sonhar também.
Mas,
enfim, ela agora, é só lembranças, e muitas AMARGAS.
PS.
FOLÓ era
um termo usado para especificar FLACIDEZ VAGINAL.
Hoje com tanta tecnologia, a vagina volta a
ter sua flacidez recomposta até por lazer. Basta ter dinheiro para recompor até
o hímen. ( rs.......)