O TAXISTA E A
PROSTITUTA
Na Parada de taxi em frente ao Mercado Central, ela bate no vidro do primeiro carro da fila, ele abre e ela pergunta, onde fica o Banco?
E ele sem titubear com sua voz mansa e pausada, ar gentil e
delicado, cabelos grisalhos, lembrando um belo avô à espera do abraço dos
netos,
responde: logo ali,
Você pode ir de pés, mas, eu terei o maior prazer em
leva-la.
E ela se rende a sua educação nobre.
Entra faceira no taxi, e se imagina como uma verdadeira
Dama, sem ser da noite porque era dia.
E a conversa inicia;
Ela diz a ele, você existe?
E ele ligeiro, sim, sou de carne e osso.
E ela de novo: não acredito, um Homem tão doce, tão gentil,
tão amável nos dias de hoje... tão, tão....
E a conversa continua até a porta do banco.
Ela quer pagar,
e ele: não quer
receber,
Diz entre sorrisos: vou lhe esperar.
E ela surpresa, diz, mas, vou demorar, preciso fazer uma
operação aqui.
E ele repete: vou lhe esperar, pode ir.
E ela de novo, mas, você não precisa trabalhar? Se esperar
vou ter que pagar muito caro,
E ele insiste, vá, vou lhe esperar.
Ela sorri, nunca ninguém a tinha tratado assim, feito uma
verdadeira Dama, sem ser da noite.
Teve centenas de clientes, muitos nem conseguia lembrar do
rosto, eram apenas parte de sua rotina, noutros ainda conservava alguns traços
de gentileza, noutros tinha apenas revolta das atitudes, mas, era para ela,
apenas um negócio que não merecia ficar na memória.
No banco demorou, pegou sua senha e pensou, vou demorar, é
melhor avisar a ele.
E ao lado do carro, lhe disse entre sussurros, vou demorar.
E ao lado do carro, lhe disse entre sussurros, vou demorar.
E ele: já disse, vou espera-la.
E ela, apreensiva, com medo, mas, cautelosa, lembrou do ar
generoso, de seus cabelos grisalhos, de sua voz mansa, sorriu entre dentes, e
pensou, ele é diferente.
No banco terminou o que tinha vindo fazer.
Entrou no carro e disse, vou lhe pagar um café,
No banco terminou o que tinha vindo fazer.
Entrou no carro e disse, vou lhe pagar um café,
E ele: onde vamos Madame?
E ela só queria olhar o Rio Amazonas.
E ele mudou sua rotina, ela só queria caminhar na orla do
rio, jogar algumas pedras no rio, fitar o São José da Pedra do Guindaste,
talvez fazer uma promessa ou talvez um pedido de encontrar um verdadeiro amor.
E ele com sua voz mansa, a fitava e repetia, você é bonita!
E desceram do taxi para ver o rio.
Ele a tocou na mão e ela não fugiu.
E ele repetia, para onde vamos?
E foi aí, que ela entendeu:
Ele só a queria para mais uma noite de prazer, porque já
estava escurecendo.
E como ele tinha perdido a tarde a esperando, ela tinha que
retribuir.
Disse com um sorriso amarelo: vá a um motel,
E ele disse: Não tenho dinheiro para pagar algumas horas, porque não rodei.
E Ela, tão esperta, tão vivida na noite, “caiu na conversa
do Taxista” que só queria uma noite de prazer.
E percebeu que sua docilidade era apenas uma estratégia, os
dois eram iguais.
Quantas vezes ela teve que fingir prazer?
E ele a tinha superado.
Mas, os dois na essência eram absolutamente iguais!
E na cama ele nem foi gentil!
Nem a satisfez,
Teve outros melhores.
Nem lhe disse poesias
E nem lhe deixou uma Rosa.