LEONARDO DE ALMEIDA VILHENA
*06.11.1952 + 22.07.2002 – Brasília-DF
HÁ 13 ANOS ELE FOI BRUTALMENTE ASSASSINADO EM BRASILIA-DF
Eu nasci
no Bairro do Laguinho em Macapá, Amapá e desde criança convivi com a família do
economista e jornalista LEONARDO DE ALMEIDA VILHENA. Conhecia sua Mãe, seu Pai,
e seus irmãos, Ivan, Gracinha e Mundinha.
LEO
era tímido, pequeno de porte franzino e de poucas palavras, tinha uma inteligência
singular, formou-se em Economia e Geografia chegando a publicar 02 livros na área
da economia e com temas financeiros.
EU
era amiga de sua irmã Mundinha e não participei da vida do LEO, mas o observava
atentamente dando passos largos no jornalismo nacional onde foi premiado inúmeras
vezes, dentre elas com a premiação em 1991 pela Revista Imprensa, tornando se
Mestre pela Fundação Getúlio Vargas pelo seu esforço pessoal. LEO também foi
servidor publico na área de Planejamento do governo do Amapá.
Seu ARTIGO
PREMIADO EM NIVEL NACIONAL ficou na memória imortalizado daqueles que o
admiravam.
“UM
ROXO NÃO PRESIDENCIÁVEL
Leonardo Vilhena
Já passou pela sua cabeça que existem também
outras pessoas com “aquilo roxo” e que sempre vão estar no anonimato? Pois é,
Severino Alves dos Santos, igualmente alagoano, garante que a cor de sua
virilidade é a mesma de seu famoso conterrâneo. Só que diz isso de uma maneira
diferente. Severino é poeta de literatura de cordel e assegura: “Também tenho
aquilo roxo / Mas famoso não vou ficar / O meu roxo é mais humilde / Eu sei bem
do meu lugar/”. Nascido há 45 anos no município de Olivença, em Alagoas, “terra
dos chegantes, dos passantes, dos retirantes e dos poucos edificantes”,
Severino, aos 10 anos, já estava no Rio de Janeiro, na luta pela sobrevivência.
Casado com a prima Maria das Dores, 7 filhos, morando no bairro de Santíssimo,
zona oeste, ex-pedreiro de construção civil, atualmente é ascensorista do
Edifício França na Av. Presidente Vargas. Simpático, comunicativo, envolvente,
Severino è aquele tipo “figura” que as pessoas costumam dizer: “Se você não
existisse teria que ser inventado”. Para Márcio Batista, estagiário de um
escritório de engenharia no 8º andar do Edifício França, o ascensorista é a
sabedoria personificada. “O Sevé é meu amigão. Quando estou com problemas ele
me dá conselhos muito úteis”, afirma. São conselhos, receitas, simpatias,
orações, sugestões, horóscopos, opiniões meteorológicas, palavras de apoio e
carinho. Enfim, o conselheiro-mor do prédio. Cláudia de Almeida, secretária no
11º, lembra que num determinado dia de verão, às duas da tarde, elevado lotado,
todos calados, mal humorados, pingandos de suor. Severino arrisca: “É uma
frente fria que veio lá do Ceará”. Gargalhada geral.
Apesar de ter apenas o primário
incompleto, Severino se expressa com desenvoltura e com um vocabulário de fazer
inveja a muito letrado. Um detalhe: é leitor assíduo da Gazeta Mercantil e
discute finanças como ninguém. Cristina Toledo, economista de uma financeira no
10º andar, adora discutir novas medidas econômicas com Sevé e não lhe poupa
elogios. “Ele tem um senso crítico muito apurado, é inteligente, perspicaz e de
um poder de síntese impressionante”, afirma com carinho. Ainda sobre economia,
Severino é fã ardoroso da ex-ministra Zélia. Admirava a personalidade forte e a
coragem com que enfrentava os grandes cartéis, que segundo ele, ainda são os
responsáveis pelo caos na economia brasileira. E no sobe e desce do elevador
improvisa ao novo ministro: “Ministro Marcílio, eu lhe peço / Acabe logo com a
inflação / O povo não agüenta mais / De tanta judiação / Vamos acabar morrendo
/ Todos de inanição”.
Os versos do poeta também têm seu lado
erótico – quase pornô – que se manifesta às sextas-feiras, durante os chopinhos
após o expediente. Aí a inspiração libidinosa vem à tona. Para aquela moça
bonita que vai passando, Sevé ensaia: “Menina casa comigo / Que não morre de
fome / Lá em casa tem uma pinta / Nós dois mata e nós dois come / De dia tu
come a pinta / De noite o pinto te come”. A erotização aumenta na mesma
proporção dos chopps tomados. Os bons companheiros das “saideiras” garantem que
alguns versos são verdadeiras obras primas e que mereciam constar de uma
antologia de poesia erótica. Ninguém duvida.
Mas Sevé não é nenhum Don Juan. É
notória a fama de Das Dores que, discretamente, o mantém sob suas rédeas.
Aliás, Severino faz questão de ressaltar que a fidelidade conjugal é uma de
suas qualidades. “A patroa é a minha cara-metade, me completa em todos os
sentidos”, garante.
Voltando
à cor ora em moda, Severino acha que se fosse ele que saísse por ai dizendo que
tem “aquilo roxo”, seguramente iria ser chamado de vulgar, grosseiro, Paraíba e
assim por diante. Mas como foi “Ele” que falou, a coisa virou modismo e
qualquer dia vai ser tema de mini-série na Globo. Meio magoado, de
brincadeirinha avisa: “Vou deixar de ser poeta / Não vale a pena não / Se o
“Homem” pode tudo / E vai pra televisão / Os meus versos so servem / Para fazer
figuração / Tudo está me deixando / Sem nenhuma inspiração