CONTO: E O TEMPO SE FOI.....
Estórias recontadas por Neca Machado- Amazônia
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa,
Oceania, América do Sul) 2016, classificada
em 2016 na obra brasileira
“Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,
classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau
Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista,
Cronista, Poetisa, Coautora em 24 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017, 2018, 2019. Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do
Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada,
Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 30 blogs
na web, 26 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)
CONTO – E O TEMPO SE FOI....
Na palafita reformada, sentada na
velha mesa de sempre, corroída por vermes ao relento, onde ratos a noite faziam
a festa, nas manhas seguintes, lá estava ela a perseguir o tempo, em seu café
rotineiro.
Sem
saber das contaminações por bactérias a que se expunha, sorria e fazia suas
festas cotidianas, com seu riso estarrecedor de hipocrisia.
Jamais
se preocupou com o tempo.
Ele sim! É seu verdadeiro inimigo.
Saiu de
algum lugar no meio da floresta, aportou sobre a lama e lá fez sua palafita.
Tinha sonhos, queria comprar uma moto. Muitos filhos, até netos talvez, alguns
homens em sua vida, talvez fosse feliz a sua maneira, talvez gostasse da
traição de algum deles, talvez até traísse sem a preocupação de não ser
contaminada por alguma doença sexualmente transmissível, porque ela não tinha
preocupação com as doenças. Talvez tivesse até tuberculose, herpes e câncer e
jamais saberia pela sua ignorância.
Mas o Tempo, este sim, é seu MAIOR
INIMIGO.
Parece
que não evoluiu, continuou a rastejar sobre a lama, fétida de dejetos e fétida
de ratos e vermes ao seu redor.
E o
tempo passou, tal qual para o Homem do
Banco, que nem se apercebeu que o tempo passou.
Sentado
no Banco, ele nem trabalho tinha, não conheceu nada melhor, talvez nem se
aposentasse, mas talvez até sobrevivesse das migalhas governamentais de tantas
bolsas ao seu redor, porque sentado décadas sobre um banco corroído pelo tempo,
ele sequer se preocupou com o futuro, morreu.
E o
tempo passou para ela saída das entranhas da mata, cercada por tantos sonhos
inatingíveis, benzida com seres inimagináveis, assombrada por tantos fantasmas
do medo e da insensatez, e da preguiça, nem conhecia novos sabores, gostava
apenas do que tinha se acostumado, e o gosto do peixe era penetrante e eterno
em seus pulmões, nem sabia que havia Mozart, Chopin, Litz, Bijan
Mortazavi...nem sequer ousava divagar sobre Anne Lenox, nunca sequer descobriu
e nem descobrirá as belezas dos velhos continentes, com suas belezas
fenomenais, nem foi observar e nem irá ver a singularidade da arte de Miró...
Assim, o TEMPO foi e será seu maior
inimigo.
Gostava
de andar seminua, seus seios caídos já não eram viçosos como outrora, seria
trocada por uma nova amante em breve.
Talvez
se lesse a obra imortal de Garcia Marques se confundisse com alguma Puta, menos
triste do enredo. (Obra: Memorias de minhas Putas tristes.)
E lá
estava o tempo a persegui-la.
Ao seu
redor ninguém se preocupava com ela,
Tinham
outros interesses, e ela talvez até achasse que incomodava. Mas, não era parte
do dia a dia de muitos. Era mais uma a viver sua rotina sem incomodar.
Era
mais uma a ser parte de um universo anônimo.
E isso
a incomodava, isso a perseguia, queria saber do destino do outro que não a
queria em seu destino.
E o tempo será mesmo seu maior INIMIGO.
NÃO CRESCEU, NÃO EVOLUIU, NEM SE
TRANSFORMOU.
Se
verá na imagem de alguém que ficou com os restos das migalhas.
Como
alguém que pensou que tinha feito o melhor negócio em sua vida, cuidando de
filhos dos outros, mas ficou com os restos que sobraram.
Assim é o TEMPO, inimigo e presente!
Se
souber administra-lo, vai receber louros e frutos,
Se
souber valoriza-lo, ganhará produtividade
Se
souber gerencia-lo de maneira coerente e sensata, será alguém melhor.
E
senão souber olhar o Tempo como
verdadeiro INIMIGO, será parte de
uma lama onde o tempo a enterrará.