CRONICAS
DA NECA MACHADO
MEMÓRIAS
DE PUTAS VELHAS- LEMBRANÇAS AMARGAS
O VESTIDO
DE LUREX
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, premiada em 2016 com
classificação na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs, classificada com publicação de um poema na
obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura
Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 25 obras lançadas em Portugal
em 2016, 2017, 2018 e 2019. Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira
com 30 blogs na web, 26 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em
crochê.)
Década de setenta, como que saída de
um musical.
Parece que em sua cabeça à musica de “dancing
days” ecoava, e ela nem tinha visto um musical, só tinha visto alguns capítulos
de uma novela, onde a memória ainda relutante tentava trazer à tona imagens
saudosistas, vistas em uma porcaria de tevê que precisava apanhar para mostras
as imagens, e olha que ela acabou muito bom bril para colocar na ponta da
antena para ver melhor.
Pela
primeira vez que ela escutou canções internacionais, viajou, criou em sua mente
um mundo só seu, rodopiava em seus saltos altos feito uma gazela, vestida com
suas meias douradas em sandálias vermelhas, no meio de uma pista de discoteca
barata nos cafundós do Juda, ela foi ao céu.
E olha
que já se vão meio século!
Mas, o tal VESTIDO DE
LUREX, ela jamais esqueceu.
Uma
vizinha que tinha ido fazer ponto em Caiena, a motivou a ir com ela, fantasiou
o outro lado do rio Oiapoque, que ela quase morreu do coração, a mulher contou
tanta mentira que ela quase
acreditou.
Disse
que as crioulas não economizavam, que quando não queriam mais seus objetos,
jogavam NOVOS nos lixeiros, e era só ir lá pegar, tinha de tudo, cama, até
sapato...
E que
os homens gostavam de brasileiras, porque eram mais carinhosas, e que pagavam
muito bem em franco, e ela se entusiasmou, ainda tinha um corpo bom como disse
a falsa amiga da onça.
Mas
que era preciso andar bem vestida.
E a
tal informou que tinham aberto uma nova boutique lá pelas bandas do centro
comercial e que os novos modelos vindos da Europa eram vendidos bem baratinho.
E ela meteu o martelo num pobre porquinho que guardava alguns trocados para
comprar o TAL VESTIDO DE LUREX.
E quando chegou em frente da Loja, viajou
mais uma vez.
Lá
estava seu objeto de desejo, o tal vestido dourado de malha, com fios de ouro,
meio matizado, que se ajustava no corpo direitinho disse a vendedora, querendo
logo empurrar a tal preciosidade.
E ela
comprou!
E em
casa foi vestir o tal VESTIDO DE LUREX,
para experimentar, porque ia usar em terras europeias quando atravessasse de
catraia o rio Oiapoque.
E
junto com o vestido, veio um sapato de salto alto, dourado, cheio de fivelas,
que ela nem conseguia fechar, e nem sabia andar, e agora?
Tinha
que treinar disse a falsa amiga, outra disse: mas, esse sapato e de caboca, e
riu.
O vestido ela colocou,
ficou apertado, aparecia a barriga, ela tinha gordura por todo lado, ele subia
rápido, aparecia as calcinhas, e ela disse: quando eu for dançar vou ficar
nua.....
Foi
uma tarde de risadas, e de projetos para Caiena, onde iam dançar num Cabaré de
um chinês.
E ela
preocupada com o vestido, perguntava a amiga, e agora?
E a
outra, não te preocupa, MANA te vira, de noite os velhos porres, só olham o
dourado do vestido, nem vão perceber teu corpo.
E o
sapato, nem sei andar, questionou, e ainda tinha as pernas tortas.
Eu
heim!
Mas o
tal VESTIDO DE LUREX FEZ EM CAIENA O
MAIOR SUCESSO.