LEMBRANÇAS
DE UMA QUITANDEIRA
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa,
Oceania, América do Sul) 2016, classificada
em 2016 na obra brasileira
“Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs, classificada com publicação de um poema na
obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017.
Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10
obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e
Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições
em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa
em 09.09.2017, A Vida em Poesia, Licenciada Plena em Pedagogia,
Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em
Portugal, Quituteira e designer em crochê.)
Era ela…IZABEL MACHADO
Minha Mãe, minha Heroína.
Minha Fortaleza, hoje. Divina....
.
Trazida de Breves do Pará pelas
embarcações modernas, cheias de caboclos ávidos por melhorias.
Ela aportou no Igarapé das Mulheres, era
mais uma Mulher em busca de Paz, de amor, de esperança.
Izabel Machado...
Tornou-se, Quitandeira.
Com seus Balaios de bananas, e com o
suor de sua lavra, educou sua prole, vendia e nutria, doutores do Amapá, dentre
eles, Dr. Barbosa seu cliente especial, juntamente com Jacy Barata Jucá, do
qual tornou-se comadre, era padrinho de uma de suas filhas.
Caminhou sobre os sabores e tornou-se
QUITUTEIRA.
Os sabores do Igarapé em suas mãos
multiplicavam, criavam olhares e em suas descobertas tornavam-se QUITUTES.
Eram as belas bananas transformadas em
manjares, adornadas de cores, em uma aquarela tropical, onde a canela reinava
soberana, e sua torta de Banana, deixava saliva no canto da Boca, de quem tinha
a felicidade de descobri-la.
Ah! Nobre Princesa tucuju Izabel
Machado.
Quanta saudade, quanta lembrança.
Uma verdadeira Heroína, cheia de sonhos
e de simplicidade, uma pequena mulher na dimensão, nem tinha 01 metros e 50 cm,
mas, tão grande em sua importância no Laguinho.
Gostava tanto do Poço do Mato que lá
tinha um pequeno pomar de abacaxis.
Era mais uma de suas atividades>
Quitandeira, quituteira, Lavadeira,
plantadeira.... De sonhos e de esperanças.
Que orgulho sinto de ti.
TRIBUTO
A IZABEL MACHADO – “MINHA MÃE”
*20 julho 1923 PA- Breves (Minha Mãe) +
23 julho de 1997-AP
Isa, Isa, Izabel Bela...
Vindo de longe, de uma Ilha (paraense)
Quituteira era ela.
Izabel, Isa, Isa, Isa, Bela...
A mais bela do Igarapé das Mulheres
Com olhos de mel,
Com cheiro de terra
Barro aos seus pés,
Isa do barro, para a Terra.
Na terra fértil
Fertilizou
Se fincou.
Mãos calejadas pela labuta.
Isa mais bela, mulher tornou-se.
Mulher na fibra,
Mulher na raça,
Isa, Isa, Isa, bela...
Beleza só a dela,
Mãe, Pai, tudo era ela...
Energia
Que não se sabe,
De onde vinha e de onde tirou.
Porém, na raça,
Permanecia,
Suor e sangue brotou.
MINHA MÃE!
Meu néctar, minha seiva,
Minha selva, minha mina,
Eu era sua menina.
E Boneca,
Depois só NECA,
Me chamou,
E eu a contemplava,
Com admiração e respeito,
Herdei seus olhos,
Olhar de mel,
Sem fel...
E ela foi abelha rainha,
E seu olhar era profundo.
Oh! Isa, Isa, Bela
Minha Isa, minha sina
E eu sua menina.
Sua boneca, NECA...
Sino dos Anjos,
Aos meus ouvidos
Me ensinando
Os primeiros passos,
Me protegendo
Sob seus braços...
Minha guardiã, minha heroína.
Minha protetora,
Só era ela, Isa, Isa, Isa Bela...
Isa hoje está no mármore.
Seu mármore é belo,
E
a conserva
No seu pensar,
Nas atitudes,
Sigo tua sina, o teu exemplo,
De perseverança e determinação
De uma mulher mais bela.
Minha Isa, Isa, Bela...
Isa de estrelas,
Isa do Sol,
Isa sofrida,
Isa suor,
Isa esperança,
Isa paixão.
Oh Senhor!
Eu te pedi uma MÃE,
E tu me deste uma MINA,
Senhor eu te pedi uma mão,
E tu me deste uma Guia.
Senhor eu só queria um colo,
E tu Senhor das estrelas...
Me deste uma constelação.
Senhor ela era bela...
Minha Isa, Isa, Bela...
Mas do que Isa, Senhor.
Ela era bela,
Mas do que Isa, bela,
Era um coração só.
Senhor jamais pensei em lhe perder.
Porem, chorei,
Quando sofria
Em fria cama
Sem me fitar.
Porem suas lagrimas
Quando rolavam
Eu compreendia e sabia
Que tu falavas no meu penar.
E meu peito ardia e se apertava,
Oh! MINHA MAE.
Isa, Isa, Isabel Bela
Minha Isa bela.
Pássaro solto
Na plenitude
Na imensidão
Hoje estas livre
Sem solidão, sem dor.
E voas alto, e nas estrelas
És a mais bela...
MINHA MAE,
Minha Isa, Isa, Isabel bela...
Minha Mãe serena,
Minha mão guia,
Minha esperança,
E teu sorriso soa no ar.
Es tu somente a mais bela, minha Isa
Isa, Isa, Isabel bela...
Oh! Senhor
Eu só te pedi uma MAE.
E tu reuniste em uma única mulher.
Todas as virtudes do universo.
Quão gotas de orvalho num paraíso.
Senhor!
Eu só queria uma Mãe.
E tu Senhor, me destes uma MINA,
E te perguntei baixinho entre soluços:
Senhor, o que faço para ser merecedora
dessa dádiva?
Senhor será que mereci essa mulher em
minha vida?
Senhor te peço piedade.
Pelos meus erros,
Pelos meus pecados,
Senhor não sou merecedora
Dos teus caprichos.
Porem gritarei ao mundo
Que fui contemplada por ti,
Por ser filha dessa nobre mulher
Chamada Isa, Isa, Isa Bela...
ISABEL MACHADO
MINHA MÃE!
Poema
dedicado a Isabel Machado, publicado no Jornal Diário do Amapá no dia das Mães
em 13 de maio de 2001.