sexta-feira, 5 de abril de 2019

CRONICAS ESPARSAS


CRONICAS ESPARSAS

(Qualquer semelhança, é mera coincidência!)


(Neca Machado)
BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017. Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 20 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017,2018 e 2019. Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa em 09.09.2017, A Vida em Poesia 2, coautora na obra, “A vida em Poesia 3” lançada em Lisboa em 14.09.2018, coautora na obra “ Tributo ao Sertão, lançamento em Zurique- Suiça-2018, coautora na obra “Além, da Terra, além, do Céu” lançamento em São Paulo em 06.10.2018- Editora Chiado-Pt, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 30 blogs na web, 26 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)





SOMENTE AS FOLHAS...

          Ladeira abaixo a agua escorria feito uma cachoeira, talvez, lavando almas, talvez levando impurezas, talvez, levando os lixos da própria alma, desnuda pela dor.

E as folhas secas, leves pela desidratação, tornaram-se húmus de uma terra que não lhe pertenceu. Talvez o Homem que catava folhas ao amanhecer tenha tido um amor especial por um lugar, que não o amou.
No molhado inverno, onde as chuvas torrenciais cobrem a Amazônia de um tom de cinza melancólico, ele cerrou os olhos, e ao seu redor também enterraram as memorias. Ninguém lhe trouxe flores, ninguém cantou uma canção fúnebre em sua despedida, em sua lapide nem tem frases icônicas, e seus descendentes continuaram suas vidas fechados em suas cortinas quotidianas sem perceber sua presença física, porque até na vida ele era imperceptível.

No leito de morte, ele recebeu a visita de um conhecido, que não foi reconhecido pelo seu grave estado de morbidez.
Talvez em sua memória uma música tão pobre ecoava na madrugada, como a pobre que colocava a música, e sem perceber, seu maior inimigo o TEMPO, ri risos desmedidos, onde a doença na porta a espera somente para se manifestar.

O esgoto putrefato cheio de bactérias, talvez tenha contribuído para sua contaminação. E na sua ignorância ele nem percebeu que, este sim, era seu maior inimigo, que o levou ao tumulo.
A agua fétida contaminada por fezes descia na manhã de inverno, sorrateira, e desfilava pelo seu último endereço, levando outras tantas, folhas secas depositadas na via pública, porque agora não tinha mais o Homem para cata-las.

Assim é a vida!

Todos os dias, arrogantes, medíocres, falsas estrelas sem brilho, miseráveis da própria miséria humana, contaminados por vaidades e por vírus, bactérias e outros vermes, que os consomem em vida, fecharão seus olhos para a existência terrena, e serão esquecidos, como as folhas secas levadas pela correnteza na época de inverno, um vendaval na Amazônia, que leva e lava sujeiras.
E não haverá em suas lapides, frases memoráveis, nem cantos de despedidas, nem flores imortalizadas por coroas de verdadeiros amigos.

E SOMENTE AS FOLHAS..
..
Continuarão a nascer, cheias de vida, livres ao vento, sem um Homem que as recolha.