domingo, 4 de novembro de 2018

CONTOS DA AMAZONIA NO MUNDO

CONTOS DA NECA MACHADO NO MUNDO ( LANÇAMENTO EM ZURIQUE-SUIÇA)


CRONICAS DA NECA MACHADO


O VESTIDO DE LUREX

 (Conto da Amazônia, na obra lançada em Zurique)


BIOGRAFIA


Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, premiada em 2016 com classificação na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)



 O VESTIDO DE LUREX
(e ela (  ) sonhava em ser uma Bioncê...)


         Década de setenta, como que saída de um musical.

 Parece que em sua cabeça à musica de “dancing days” ecoava, e ela nem tinha visto um musical, só tinha visto alguns capítulos de uma novela, onde a memória ainda relutante tentava trazer à tona imagens saudosistas, vistas em uma porcaria de tevê que precisava apanhar para mostras as imagens, e olha que ela acabou muito bom bril para colocar na ponta da antena para ver melhor.

Pela primeira vez que ela escutou canções internacionais, viajou, criou em sua mente um mundo só seu, rodopiava em seus saltos altos feito uma gazela, vestida com suas meias douradas em sandálias vermelhas, no meio de uma pista de discoteca barata nos cafundós do Juda, ela foi ao céu.

E olha que já se vão meio século!

Mas, o tal VESTIDO DE LUREX, ela jamais esqueceu.

Uma vizinha que tinha ido fazer ponto em Caiena, a motivou a ir com ela, fantasiou o outro lado do rio Oiapoque, que ela quase morreu do coração, a mulher contou tanta mentira que ela quase acreditou.

Disse que as crioulas não economizavam, que quando não queriam mais seus objetos, jogavam NOVOS nos lixeiros, e era só ir lá pegar, tinha de tudo, cama, até sapato...

E que os homens gostavam de brasileiras, porque eram mais carinhosas, e que pagavam muito bem em franco, e ela se entusiasmou, ainda tinha um corpo bom como disse a falsa amiga da onça.

Mas que era preciso andar bem vestida.

E a tal informou que tinham aberto uma nova boutique lá pelas bandas do centro comercial e que os novos modelos vindos da Europa eram vendidos bem baratinho. E ela meteu o martelo num pobre porquinho que guardava alguns trocados para comprar o TAL VESTIDO DE LUREX.

E quando chegou em frente da Loja, viajou mais uma vez.

Lá estava seu objeto de desejo, o tal vestido dourado de malha, com fios de ouro, meio matizado, que se ajustava no corpo direitinho disse a vendedora, querendo logo empurrar a tal preciosidade.

E ela comprou!

E em casa foi vestir o tal VESTIDO DE LUREX, para experimentar, porque ia usar em terras europeias quando atravessasse de catraia o rio Oiapoque.

E junto com o vestido, veio um sapato de salto alto, dourado, cheio de fivelas, que ela nem conseguia fechar, e nem sabia andar, e agora?

Tinha que treinar disse a falsa amiga, outra disse: mas, esse sapato e de caboca, e riu.

O vestido ela colocou, ficou apertado, aparecia a barriga, ela tinha gordura por todo lado, ele subia rápido, aparecia as calcinhas, e ela disse: quando eu for dançar vou ficar nua.....

Foi uma tarde de risadas, e de projetos para Caiena, onde iam dançar num Cabaré de um chinês.

E ela preocupada com o vestido, perguntava a amiga, e agora?

E a outra, não te preocupa, MANA te vira, de noite os velhos porres, só olham o dourado do vestido, nem vão perceber teu corpo.

E o sapato, nem sei andar, questionou, e ainda tinha as pernas tortas.


Eu heim!


Mas o tal VESTIDO DE LUREX FEZ EM CAIENA O MAIOR SUCESSO.