sexta-feira, 15 de março de 2019

LIVRO DIGITAL DA NECA MACHADO NA WEB


CRONICAS DA NECA MACHADO


MEMÓRIAS DE PUTAS VELHAS
CONFISSÕES DE PUTAS VELHAS- LEMBRANÇAS AMARGAS



“A COLCHA DE CHENILE”


Significado de Chenile

Substantivo feminino:Fio fofo de lã, algodão, seda ou raiom, com fibras salientes ao redor.Tecido feito com esse fio, usado para colchas, cortinas e tapetes. Etimologia (origem da palavra chenile). Do francês chenille.

Quando ELA (  ) envelheceu, foi que percebeu que tinha milhares de LEMBRANÇAS, e muitas delas, somente AMARGAS.

E entre um sorriso ligeiramente amarelo com falhas nos dentes, foi que percebeu que tinha sido enganada por um velho “Marreteiro” da qual ELA era cliente décadas.

Numa Kombi velha com um microfone fanhoso, ele aparecia nas baixadas da velha Macapá, vendendo de TUDO, e ELA (  ) lembra como se fosse hoje, sua primeira compra foi um jogo de panelas, que lhe trouxe muita indignação, quando colocou no fogo, uma das alças caiu, e prometeu que assim que ele aparecesse, iria reclamar que o produto não prestava, e ELA, nem sabia ainda da febre que viria no futuro dos tais descartáveis da China. (rs...)

Depois se tornou uma cliente fiel.

 Ela também tinha seus CLIENTES de fora (Caiena) que lhe pagavam em franco.
Consumista como dizia uma falsa amiga, ELA comprava de tudo no Marreteiro, tudo era novidade para uma CABOCA pobre que nunca tinha estudado, mas que agora já podia até pensar “numa motinha”, num fusca, ou até numa velha Kombi para fazer frete para os quitandeiros do Igarapé das Mulheres, sonhava, e sonhava alto.

Tinha visto numa revista jogada no lixo uma bela COLCHA DE CHENILE, gostou do nome, CHENILE, nem sabia o que era, mas gostou do nome, conversando com a falsa amiga de “ponto” disse que quando arranjasse um marido ia colocar no filho o nome de CHENILE (rs...)
E eu, sorri (gosto muito de escutar estórias)
E aí, lembrei de uma frase de minha Mãe (Dona Izabel) que dizia: que todos os nomes têm algum significado, e tinha.

E ELA (  ) continuou.
Vou comprar uma COLCHA DE CHENILE, era seu pensamento diário.
Já se imaginava deitada numa COLCHA DE CHENILE, cheia de bordados com fios de ouro, pensava até no travesseiro também.
Disse alto, talvez falando sozinha: meus clientes vão amar minha colcha de chenile.
E não via a hora do tal Marreteiro aparecer.
Esperou ansiosa por ele,
Um belo dia lá vem ele de novo com o tal microfone fanhoso, ELA correu feito doida, trouxe logo o cartão do Marreteiro, e antes que ele anunciasse as tais novidades trazidas da França (rs...). Ela logo se antecipou.
QUERO UMA COLCHA DE CHENILE.
O Homem arregalou os olhos, levantou a tampa do bagajeiro e puxou um pacotão de lençóis coloridos.
E ELA nem pestanejou.
Só queria saber o preço e em quantas prestações ia pagar.
Teria que aturar muito CLIENTE DE CAIENA para pagar a tal preciosidade, mas valeria a pena, segundo ELA.

E nem lavou. (CRUZ CREDO)
Colocou logo para experimentar na velha cama.
E aí, sua imaginação foi a LUA.
Nem conseguiu dormir direito.
No primeiro cliente a COLCHA de CHENILE, foi um sucesso.
Na semana seguinte, ela começou a perceber que tinha umas bolhas nas pernas, depois começaram a crescer,
E ELA coitada, tinha que procurar o DENERU (rs...) achava que tava com alguma doença braba.
Nos dias seguintes a tal colcha foi um martírio.
Deu uma coceira tão forte que ela repetia as falsas amigas: acho que tenho CURUBA BRABA.
E tudo foi por causa de uma tal COLCHA DE CHENILE FALSA.
Que de Chenile não tinha nada, repetia revoltada.

E agora depois de mais de 50 anos, as lembranças amargas, são somente parte de seu passado, e ela agora sonha ser enterrada com lençóis de seda.











LIVRO DIGITAL
CRONICAS DA NECA MACHADO
“MEMORIAS DE PUTAS VELHAS-LEMBRANÇAS AMARGAS”

(PUTA FOLÓ)*
BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, premiada em 2016 com classificação na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 16 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017, e uma em Genebra em 2018, em edição bilíngue português e inglês, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)







         Sentada em uma velha cadeira de macarrão curtida, com alguns fios soltos em uma varanda dentro do Lago onde ainda com lagrimas nos olhos, reclamava por não ter tido um lugar melhor para morrer no fim da vida, ela apenas escutava o canto dos Sapos dentro “daquele inferno” na terra, e se perguntava: porque essas porcarias não param de gritar mesmo com chuva?
Nunca foi uma Mulher para morrer dentro do Lago, rodeada de aningas, uma ponte podre, ratos sobre a mesa do jirau, vermes por todo lado, o barulho das músicas ensurdecedoras dos fins de semana de seus vizinhos mal-educados, que não a deixavam dormir, o cheiro de merda dos banheiros ao ar livre a incomodavam, a cabeça coçava, eram piolhos, cruz credo, e olha que contradição, ela que era da noite, triste fim para uma PUTA VELHA.

Era linda, corpo escultural, cabelos ondulados, vaidosa, seus seios cheios de sedução, suas pernas, um pouco tortas, mas era de menos, mesmo “na vida” ela ainda tentou ter família, teve filhos de vários casamentos, que agora tentavam sua sorte, muitos sem sorte, teve um que ela se amargurava, tinha orgulho dele, mas, ele: contava para as falsas amigas; nunca teve sorte, “agora se juntou com uma Puta velha cheia de filhos pra ele criar, olha a sina do coitado”.
E aí, se lembrou da briga que teve no Cabaré com outra PUTA VELHA.
Foi um auê! Sorriu sem dentes.

FATOS

            Na caixa de som meio fanhosa do velho Cabaré no fim dos infernos, os clientes tentavam dançar ao som de músicas românticas, encostados nas quengas, se excitando para acabarem a noite em catres ou leitos das caceteiras, cheios de ilusões e sonhos que os tornariam realidade, quando a luz se apagasse, e ela confiando numa falsa Amiga, contou-lhe seu segredo, disse que nunca mais confiaria em alguém: contou que tinha um cliente fixo que sempre que vinha de Caiena ficava com ela, (mas resmungou: cruz credo, o Homem é um Cavalo, me arrebentou toda, quase que fui pro gelo....”)
E pensou que o tal Segredo jamais fosse revelado.

Noite de sonhos, festa a rodar, a música de Altemar Dutra enchia o salão.

Sentimental eu sou, Eu sou demais
Eu sei que sou assim
Porque assim ela me faz
 As músicas que eu,
 Vivo a cantar Têm o sabor igual
 Por isso é que se diz Como ele é sentimental
 Romântico é sonhar
 E eu sonho assim
Cantando estas canções
Prá quem ama igual a mim.....

E ela, naquela noite, estava linda, fez o cabelo, pintou as unhas, vestiu seu vestido de festa, sapato alto, perfume barato…E conquistou um belo Peixeiro dono de uma embarcação de Pesca, que tinha até um carro vermelho, e não sabia, que ele era disputado pelas gorjetas que deixava.
Foi quando em uma dança, recebeu um chute na perna e quase caiu.
Era uma rasteira.
Foi quando escutou um grito ensurdecedor:

PUTA FOLÓ, ELA É FOLÓ!
O homem se espantou.

Se explicar, nem tinha explicação, a porrada correu solta, pontapés, puxão de cabelo, unha quebrada, cara cortada, gente correndo….Policia, mas, até no puteiro tinha policial de plantão, eles iam lá de vez em quando sonhar também.

Mas, enfim, ela agora, é só lembranças, e muitas AMARGAS.



PS.

FOLÓ era um termo usado para especificar FLACIDEZ VAGINAL.
Hoje com tanta tecnologia, a vagina volta a ter sua flacidez recomposta até por lazer. Basta ter dinheiro para recompor até o hímen. ( rs.......)