quinta-feira, 15 de maio de 2014

O MEU LAGUINHO NÃO É MAIS O MEU LAGUINHO




BAIRRO DO LAGUINHO – MACAPÁ – AMAPÁ 2014

69 ANOS DE LEMBRANÇAS E SAUDADE DE SUA GENTE.

Por > Neca Machado > Nascida no coração do Laguinho (Bacharel em Administração Geral, Licenciada Plena em Pedagogia, Bacharel em Direito Ambiental, Jornalista colaboradora Com DRT-AP E PESQUISADORA DA MITOLOGIA DO BAIRRO DO LAGUINHO) > Memorial POÇO DO MATO E MEMORIAL DA NECA MACHADO.

Nasci no entorno do POÇO DO MATO no coração do Bairro do Laguinho HÁ 52 ANOS e nas comemorações aos seus 69 anos de Historia, não se falam de suas QUITANDEIRAS.

Quitandeiras como Dona Geralda dos Prazeres e Dona Izabel Machado, minha MÃE.
Vivi tão perto delas que a saudade é presença,

 sinto o cheiro das bananas fritas de minha Mãe impregnando nossas tardes, o perfume da canela saindo pelas janelas venezianas e deixando um sabor singular na vizinhança. Nossa casa era de frente a de seu Joaquim Tiburcio Ramos, Pioneiro fundador do Curiau, que tinha por nós um incomensurável afeto, nunca chegava sem o bom TUCUPI amarelinho, com polpa como dizia minha Mãe > “Neca o TUCUPI tem que ter um pouco de polpa da mandioca” fui entender já adulta que ele deveria conter parte do amido da Mandioca para ser original.
Perpetuei seu Dom de amar sabores.

SUA QUITANDA, pequena com frases de efeito nas paredes, vendia de tudo, bananas, jerimuns, Melancias, Carvão, Pupunha, Camapú, Uxi, Bacuri, Cupuaçu....

O rio ficava logo ali, acordava com o som dos motores das embarcações, e ela pequena, corajosa, colocava um CHAPEU imenso e saia de madrugada, as vezes não tinha carregador, e ela trazia nos ombros, um cacho de Banana, e não sentia dor.

Herdei seu amor pelos chapéus, hoje já não os usos com tanta frequência.
Mas, em 2014 já se vão 69 anos, parece até que foi ontem.

O LAGUINHO NÃO É MAIS O MEU LAGUINHO....

O Poço do Mato secou

Psiu se encantou

O som dos Microfones de Edvar Mota emudeceu.
A reza de Dona Antonina não ecoa mais nas procissões de São Benedito.
Tia Biló Ramos mudou para tão longe
O largo sorriso encantador de SACACA desapareceu no sereno.
Bomba nem caminha mais direito, sofreu um AVC.
As tarde mornas não são mais iguais as de outrora,
Tiraram a placa que homenageava a fundação do Boêmios do Laguinho na esquina da avenida Mae Luzia.

RATO deixou de chamar LADRÕES que não eram do Marabaixo.
A voz rouca de Tia MACICA, emudeceu.
MARIA CUNHÃ não dá mais o ar de sua graça.
MESTRE LINO, já não entoa seus sambas divinais como antigamente,
EDGAR LINO virou nome de escola
PADRE JOSÉ foi embora triste.
No CANTO DO RAMIRO só tem gasolina
PEDRO DALINA, nem uma placa, em sua memoria.
Não tem, mais TUCUPI DA TIA JOANA do ZÉ PIO
 O CAIÁ  não está lá
Somente ainda reina soberano SEU ARIM, não sei por quanto tempo.
Seu MENEZES não dirige mais,
Professora IVONE só saudade,
DONA VIRGINA lembra sabor de doce amargo
DI JESUS mora em outro estado
SANTA MORA NA AUSTRALIA.
MORCEGO foi embora
CANDIRÚ se encantou
PIRARUCU voltou ao leito de rio
NECA do nordeste faleceu de câncer
DONA IRENE foi morar com o filho ALARICO                    
SEU HUMBERTO CATERPILA nos deixou
MOBELINO LOBATO, que dor de sua partida, o canal que cortava a Rua São José ele sempre limpou.
A casa de DONA NELMA virou um prédio para alugar
Na casa de JOÃO DE PAULO, muitas flores que REGINA cultiva com amor.
MARIA PIÇARRA, se foi
TIA TEREZA MORREU CENTENARIA


E com ela PARTE DO MEU LAGUINHO

QUE NÃO VOLTA MAIS...

O MEU LAGUINHO, NÃO É MAIS O MEU LAGUINHO.