BAIRRO
DO LAGUINHO – MACAPÁ – AMAPÁ 2014
69
ANOS DE LEMBRANÇAS E SAUDADE DE SUA GENTE.
Por > Neca Machado > Nascida no coração do
Laguinho (Bacharel em Administração Geral, Licenciada Plena em Pedagogia,
Bacharel em Direito Ambiental, Jornalista colaboradora Com DRT-AP E
PESQUISADORA DA MITOLOGIA DO BAIRRO DO LAGUINHO) > Memorial POÇO DO MATO E
MEMORIAL DA NECA MACHADO.
Nasci no entorno do POÇO DO MATO no coração do Bairro do
Laguinho HÁ 52 ANOS e nas comemorações aos seus 69 anos de Historia, não se
falam de suas QUITANDEIRAS.
Quitandeiras como Dona Geralda dos Prazeres e Dona Izabel Machado, minha MÃE.
Vivi tão perto delas que a saudade
é presença,
sinto o cheiro das bananas fritas de minha Mãe
impregnando nossas tardes, o perfume da canela saindo pelas janelas venezianas
e deixando um sabor singular na vizinhança. Nossa casa era de frente a de seu
Joaquim Tiburcio Ramos, Pioneiro fundador do Curiau, que tinha por nós um incomensurável
afeto, nunca chegava sem o bom TUCUPI amarelinho, com polpa como dizia minha
Mãe > “Neca o TUCUPI tem que ter um pouco de polpa da mandioca” fui entender
já adulta que ele deveria conter parte do amido da Mandioca para ser original.
Perpetuei seu Dom de amar
sabores.
SUA QUITANDA, pequena com
frases de efeito nas paredes, vendia de tudo, bananas, jerimuns, Melancias,
Carvão, Pupunha, Camapú, Uxi, Bacuri, Cupuaçu....
O rio ficava logo ali,
acordava com o som dos motores das embarcações, e ela pequena, corajosa,
colocava um CHAPEU imenso e saia de madrugada, as vezes não tinha carregador, e
ela trazia nos ombros, um cacho de Banana, e não sentia dor.
Herdei seu amor pelos chapéus,
hoje já não os usos com tanta frequência.
Mas, em 2014 já se vão 69
anos, parece até que foi ontem.
O
LAGUINHO NÃO É MAIS O MEU LAGUINHO....
O
Poço do Mato secou
O som dos Microfones de
Edvar Mota emudeceu.
A reza de Dona Antonina não
ecoa mais nas procissões de São Benedito.
Tia Biló Ramos mudou para
tão longe
O largo sorriso encantador
de SACACA desapareceu no sereno.
Bomba nem caminha mais
direito, sofreu um AVC.
As tarde mornas não são mais
iguais as de outrora,
Tiraram a placa que homenageava
a fundação do Boêmios do Laguinho na esquina da avenida Mae Luzia.
RATO deixou de chamar
LADRÕES que não eram do Marabaixo.
A voz rouca de Tia MACICA,
emudeceu.
MARIA CUNHÃ não dá mais o ar
de sua graça.
MESTRE LINO, já não entoa
seus sambas divinais como antigamente,
EDGAR LINO virou nome de
escola
PADRE JOSÉ foi embora triste.
No CANTO DO RAMIRO só tem gasolina
PEDRO DALINA, nem uma placa,
em sua memoria.
Não tem, mais TUCUPI DA TIA
JOANA do ZÉ PIO
O CAIÁ não está lá
Somente ainda reina soberano
SEU ARIM, não sei por quanto tempo.
Seu MENEZES não dirige mais,
Professora IVONE só saudade,
DONA VIRGINA lembra sabor de
doce amargo
DI JESUS mora em outro
estado
SANTA MORA NA AUSTRALIA.
MORCEGO foi embora
CANDIRÚ se encantou
PIRARUCU voltou ao leito de
rio
NECA do nordeste faleceu de câncer
DONA
IRENE foi morar com o filho ALARICO
SEU
HUMBERTO CATERPILA nos deixou
MOBELINO
LOBATO, que dor de sua partida, o canal que cortava a Rua São José ele sempre
limpou.
A
casa de DONA NELMA virou um prédio para alugar
Na casa
de JOÃO DE PAULO, muitas flores que REGINA cultiva com amor.
MARIA
PIÇARRA, se foi
TIA
TEREZA MORREU CENTENARIA
E com
ela PARTE DO MEU LAGUINHO
QUE
NÃO VOLTA MAIS...
O MEU LAGUINHO, NÃO É MAIS O MEU
LAGUINHO.