sábado, 25 de maio de 2019

MEMÓRIAS DE PUTAS VELHAS - PESQUISAS REAIS



CRONICAS DA NECA MACHADO

MEMÓRIAS DE PUTAS VELHAS

CONFISSÕES DE PUTAS VELHAS- LEMBRANÇAS AMARGAS



(Neca Machado)

BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017. Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 23 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017,2018 e 2019. Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa em 09.09.2017, A Vida em Poesia 2, coautora na obra, “A vida em Poesia 3” lançada em Lisboa em 14.09.2018, coautora na obra “ Tributo ao Sertão, lançamento em Zurique- Suiça-2018, coautora na obra “Além, da Terra, além, do Céu” lançamento em São Paulo em 06.10.2018- Editora Chiado-Pt, Co autora na obra internacional “As Cartas que não escrevi” lançamento em Genebra em 01.05.2019-Editora Helvetia. Co autora na obra lusófona “POEM’ART” lançamento em Portugal-Porto, 18.05.2019. Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 30 blogs na web, 26 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)







CRONICAS DA NECA MACHADO
MEMÓRIAS DE PUTAS VELHAS
CONFISSÕES DE PUTAS VELHAS- LEMBRANÇAS AMARGAS

“A COLCHA DE CHENILE”


Significado de Chenile

Substantivo feminino:Fio fofo de lã, algodão, seda ou raiom, com fibras salientes ao redor.Tecido feito com esse fio, usado para colchas, cortinas e tapetes. Etimologia (origem da palavra chenile). Do francês chenille.

Quando ELA (  ) envelheceu, foi que percebeu que tinha milhares de LEMBRANÇAS, e muitas delas, somente AMARGAS.

E entre um sorriso ligeiramente amarelo com falhas nos dentes, foi que percebeu que tinha sido enganada por um velho “Marreteiro” da qual ELA era cliente décadas.

Numa Kombi velha com um microfone fanhoso, ele aparecia nas baixadas da velha Macapá, vendendo de TUDO, e ELA (  ) lembra como se fosse hoje, sua primeira compra foi um jogo de panelas, que lhe trouxe muita indignação, quando colocou no fogo, uma das alças caiu, e prometeu que assim que ele aparecesse, iria reclamar que o produto não prestava, e ELA, nem sabia ainda da febre que viria no futuro dos tais descartáveis da China. (rs...)

Depois se tornou uma cliente fiel.

 Ela também tinha seus CLIENTES de fora (Caiena) que lhe pagavam em franco.
Consumista como dizia uma falsa amiga, ELA comprava de tudo no Marreteiro, tudo era novidade para uma CABOCA pobre que nunca tinha estudado, mas que agora já podia até pensar “numa motinha”, num fusca, ou até numa velha Kombi para fazer frete para os quitandeiros do Igarapé das Mulheres, sonhava, e sonhava alto.

Tinha visto numa revista jogada no lixo uma bela COLCHA DE CHENILE, gostou do nome, CHENILE, nem sabia o que era, mas gostou do nome, conversando com a falsa amiga de “ponto” disse que quando arranjasse um marido ia colocar no filho o nome de CHENILE (rs...)
E eu, sorri (gosto muito de escutar estórias)
E aí, lembrei de uma frase de minha Mãe (Dona Izabel) que dizia: que todos os nomes têm algum significado, e tinha.

E ELA (  ) continuou.
Vou comprar uma COLCHA DE CHENILE, era seu pensamento diário.
Já se imaginava deitada numa COLCHA DE CHENILE, cheia de bordados com fios de ouro, pensava até no travesseiro também.
Disse alto, talvez falando sozinha: meus clientes vão amar minha colcha de chenile.
E não via a hora do tal Marreteiro aparecer.
Esperou ansiosa por ele,

Um belo dia lá vem ele de novo com o tal microfone fanhoso, ELA correu feito doida, trouxe logo o cartão do Marreteiro, e antes que ele anunciasse as tais novidades trazidas da França (rs...). Ela logo se antecipou.

QUERO UMA COLCHA DE CHENILE.


O Homem arregalou os olhos, levantou a tampa do bagajeiro e puxou um pacotão de lençóis coloridos.
E ELA nem pestanejou.
Só queria saber o preço e em quantas prestações ia pagar.
Teria que aturar muito CLIENTE DE CAIENA para pagar a tal preciosidade, mas valeria a pena, segundo ELA.

E nem lavou. (CRUZ CREDO)
Colocou logo para experimentar na velha cama.
E aí, sua imaginação foi a LUA.
Nem conseguiu dormir direito.
No primeiro cliente a COLCHA de CHENILE, foi um sucesso.
Na semana seguinte, ela começou a perceber que tinha umas bolhas nas pernas, depois começaram a crescer,
E ELA coitada, tinha que procurar o DENERU (rs...) achava que tava com alguma doença braba.

Nos dias seguintes a tal colcha foi um martírio.
Deu uma coceira tão forte que ela repetia as falsas amigas: acho que tenho CURUBA BRABA.

E tudo foi por causa de uma tal COLCHA DE CHENILE FALSA.
Que de Chenile não tinha nada, repetia revoltada.

E agora depois de mais de 50 anos, as lembranças amargas, são somente parte de seu passado, e ela agora sonha ser enterrada com lençóis de seda.