domingo, 21 de julho de 2019

CRONICAS DA NECA MACHADO- 2019


“CRONICA – AS ARVORES DA MINHA INFANCIA”

(Neca Machado)
BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017. Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 24 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017,2018 e 2019. Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa em 09.09.2017, A Vida em Poesia 2, coautora na obra, “A vida em Poesia 3” lançada em Lisboa em 14.09.2018, coautora na obra “ Tributo ao Sertão, lançamento em Zurique- Suiça-2018, coautora na obra “Além, da Terra, além, do Céu” lançamento em São Paulo em 06.10.2018- Editora Chiado-Pt, Co autora na obra internacional “As Cartas que não escrevi” lançamento em Genebra em 01.05.2019-Editora Helvetia. Co autora na obra lusófona “POEM’ART” lançamento em Portugal-Porto, 18.05.2019, co autora na obra lusa LIBERDADE, lançamento em São Paulo em 23.06.2019. Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 30 blogs na web, 26 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)


“CRONICA – AS ARVORES DA MINHA INFANCIA”

Existem memorias olfativas, memórias singulares, saudades, nostalgias..., e um dia escutei: “O passado nos aprisiona...”

Talvez!
Mas, as lembranças, boas lembranças, estas sim, nos aprisionam em um lugar especial.
Nasci no bairro do Laguinho, coração da cidade de Macapá, no extremo norte do Brasil, um lugar que conservava aconchego, hospitalidade, serenidade de seus Pioneiros e de sua gente simplória.

E na subida da ladeira da Rua São José esquina com a antiga Nações Unidas, em frente à casa de Tia Geralda dos Prazeres, havia uma preciosidade “UMA ARVORE DE CUTITE”


SIM, CUTITE, uma bela de uma fruta singular, com casca fina, madura era amarelada, com um sabor inigualável.


Já quase meio século, nunca mais comi CUTITE, nem sei se existem arvores nas redondezas, mas, essa arvore, nunca saiu da minha memória.

(O Cutitezeiro, conhecido como Tuturubá, tem origem na Amazônia, com copa frondosa, chegando a ultrapassar mais de 20 metros de altura, tem tronco cilíndrico, com cor cinza, com flores pequenas creme esverdeadas, seu fruto tem polpa massenta como a gema de um ovo, sabor adocicado, aroma forte, possui látex.)

Os frutos desejados por muitas crianças da redondeza, tinham o ciúme da proprietária, e era preciso ter paciência para apanha-los no chão porque muitos ainda verdes, produziam um leite (látex) que grudava nas mãos.
O tempo passou, o bairro cresceu, a arvore deu lugar a uma calçada, e as pessoas tradicionais foram desaparecendo como por encanto, e suas memórias, muitas delas, sequer guardadas ou preservadas para que as futuras gerações conhecessem.
Mas, EU nunca esqueci daquele sabor de infância.

Outra arvore que lembro com afeto era o pé de Tamarindo da esquina da Rua Raimundo Alvares da Costa com a Odilardo Silva. Um pé de uma arvore que não existia no Amapá, e deparei um dia com um fruto caído no chão, de cor marrom, e quando coloquei na boca, e senti a acidez, mas, gostei daquele sabor. (Um amigo meu que era engenheiro paulista, me escreveu um dia do exterior: “o gosto da fruta ao longe, me lembra o sabor da Terra”...)

Assim, são as lembranças boas, se eternizam na memória.
Na Europa sempre encontro tamarindo, e gosto de um belo suco gelado.

E outra arvore que lembro com saudade, é o pé de Mucajá.


Contavam tanta estória sobre a fruta, que gosto de sorrir ao lembrar, muitos pioneiros usavam recursos para tirar a “baba” do Mucajá, e colocar em mingau, mas, o que realmente era saboroso, era se debruçar sobre o fruto maduro, que tinha um cheiro singular, forte, inebriante, e ficar horas “lambendo” o caroço.
Não existem mais Pés de Mucajá, a lembrança hoje nem é tão boa, porque o fruto desapareceu, no Poço do Mato do Laguinho, no entorno do Lago, havia muitos pés de mucajá.

 MAS, HOJE SÃO SOMENTE LEMBRANÇAS.

Na Europa existem tantas frutas, que não nos deixam morrer de saudade, mas, as da Amazônia, são únicas no mundo.