terça-feira, 26 de janeiro de 2021

PUTAS VELHAS, LEMBRANÇAS DO INFERNO ( O LIVRO VAI SER LANÇADO NA EUROPA)

 

CRONICAS DA NECA MACHADO

“MEMORIAS DE PUTAS VELHAS-LEMBRANÇAS AMARGAS”

 


(PUTA FOLÓ)*

 

         Sentada em uma velha cadeira de macarrão curtida, com alguns fios soltos em uma varanda dentro do Lago onde ainda com lagrimas nos olhos, reclamava por não ter tido um lugar melhor para morrer no fim da vida, ela apenas escutava o canto dos Sapos dentro “daquele inferno” na terra, e se perguntava: porque essas porcarias não param de gritar mesmo com chuva?

Nunca foi uma Mulher para morrer dentro do Lago, rodeada de aningas, uma ponte podre, ratos sobre a mesa do jirau, vermes por todo lado, o barulho das músicas ensurdecedoras dos fins de semana de seus vizinhos mal-educados, que não a deixavam dormir, o cheiro de merda dos banheiros ao ar livre a incomodavam, a cabeça coçava, eram piolhos, cruz credo, e olha que contradição, ela que era da noite, triste fim para uma PUTA VELHA.

 

Era linda, corpo escultural, cabelos ondulados, vaidosa, seus seios cheios de sedução, suas pernas, um pouco tortas, mas era de menos, mesmo “na vida” ela ainda tentou ter família, teve filhos de vários casamentos, que agora tentavam sua sorte, muitos sem sorte, teve um que ela se amargurava, tinha orgulho dele, mas, ele: contava para as falsas amigas; nunca teve sorte, “agora se juntou com uma Puta velha cheia de filhos pra ele criar, olha a sina do coitado”.

E aí, se lembrou da briga que teve no Cabaré com outra PUTA VELHA.

Foi um auê! Sorriu sem dentes.

 

FATOS

 

            Na caixa de som meio fanhosa do velho Cabaré no fim dos infernos, os clientes tentavam dançar ao som de músicas românticas, encostados nas quengas, se excitando para acabarem a noite em catres ou leitos das caceteiras, cheios de ilusões e sonhos que os tornariam realidade, quando a luz se apagasse, e ela confiando numa falsa Amiga, contou-lhe seu segredo, disse que nunca mais confiaria em alguém: contou que tinha um cliente fixo que sempre que vinha de Caiena ficava com ela, (mas resmungou: cruz credo, o Homem é um Cavalo, me arrebentou toda, quase que fui pro gelo....”)

E pensou que o tal Segredo jamais fosse revelado.

 

Noite de sonhos, festa a rodar, a música de Altemar Dutra enchia o salão.

 

Sentimental eu sou, Eu sou demais

Eu sei que sou assim

Porque assim ela me faz

 As músicas que eu,

 Vivo a cantar Têm o sabor igual

 Por isso é que se diz Como ele é sentimental

 Romântico é sonhar

 E eu sonho assim

Cantando estas canções

Prá quem ama igual a mim.....

 

E ela, naquela noite, estava linda, fez o cabelo, pintou as unhas, vestiu seu vestido de festa, sapato alto, perfume barato…E conquistou um belo Peixeiro dono de uma embarcação de Pesca, que tinha até um carro vermelho, e não sabia, que ele era disputado pelas gorjetas que deixava.

Foi quando em uma dança, recebeu um chute na perna e quase caiu.

Era uma rasteira.

Foi quando escutou um grito ensurdecedor:

PUTA FOLÓ, ELA É FOLÓ!

O homem se espantou.

 

Se explicar, nem tinha explicação, a porrada correu solta, pontapés, puxão de cabelo, unha quebrada, cara cortada, gente correndo….Policia, mas, até no puteiro tinha policial de plantão, eles iam lá de vez em quando sonhar também.

 

Mas, enfim, ela agora, é só lembranças, e muitas AMARGAS.

 

PS.

 

FOLÓ era um termo usado para especificar FLACIDEZ VAGINAL.

Hoje com tanta tecnologia, a vagina volta a ter sua flacidez recomposta até por lazer. Basta ter dinheiro para recompor até o hímen. ( rs.......)