“CONTOS QUE ENCANTAM...”
CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE
(A bela Pedra do Guindaste, secular no leito do Rio Amazonas, imponente,
como fonte cultural da mitologia da Amazônia, tem milhares de mitos e lendas
que povoam o imaginário popular)
Por:
Neca Machado – Pesquisadora da cultura tucuju
O MERGULHÃO FANTASMA.
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa,
Oceania, América do Sul) 2016, classificada
em 2016 na obra brasileira
“Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,
classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau
Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista,
Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017,
Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do
Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada,
Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs
na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)
A Velha
Pioneira balançava a cabeça como a buscar na memória, seu arquivo especial.
E com
seu sorriso enigmático lembrou do Pássaro fantasma. O belo Mergulhão abençoado por São
José, dizia ela entre os dentes.
A maré
teimava em bater nas pedras que circundavam a Pedra central, a do Guindaste, disse ela: que as versões contadas
por seus antepassados, tinham contradições, disse que em uma delas, a Pedra foi
cortada ao meio por um navio estrangeiro, em outra afirmou convicta que a Cobra Sofia, saiu de Santana, um município
próximo de Macapá, e se apaixonou
pelo santo e não foi correspondida que se enlaçou na pedra e a derrubou, noutra
disse que um grande Pirarucu junto
com um cardume de peixes bateram tanto na pedra que ela foi derrubada...
Enfim tem milhares de versões que cabe a
cada um aceitar, resmungou.
E a Pedra do Guindaste continua imponente
tendo ao topo o belo São José
esculpido pelo português Antônio Pereira
Costa.
Mas vamos
lá repetiu, não tô demente.
Era uma
bela noite de Lua cheia, o trapiche feito uma rua, e a imagem da Lua refletida
sobre as aguas do Rio Amazonas,
trouxe o maior, o mais belo e o mais inteligente dos Pássaros que conheci, disse ela.
UM MERGULHÃO DO ALEM!
Pescadores
que atravessavam a maré se espantaram com o voo rasante do tal MERGULHÃO, ele nem se parecia com um
Mergulhão disse ela, de tão rápido, voava sobre as canoas que vinham para o
Igarapé das Mulheres, as vezes descansava no braço do santo padroeiro da cidade
de Macapá, em outras, ele mergulhava de bico no rio, e aparecia no espelho da
Lua.
Égua
disse ela.
E foi
assim a madrugada toda.
Ele nem
era preto, era de prata, as vezes reluzia tanto que dizem que era de ouro.
Sabe?
Tem muita gente que lembra dele.
Dizem que
carregava nas costas o menino afogado,
Em outras
estórias, dizem, repetiu, que ele puxava uma corda trazendo um defunto largado
por aí, noutra ele vinha com a sereia, ela nas aguas e ele no céu...
Mas
que ele apareceu, apareceu, repetiu.
Cruz credo.
De manhã,
ainda tem um monte que é da sua família por ai.
(Pelas manhas na orla de Macapá-Amapá,
centenas de Mergulhões buscam
alimento no leito do Rio Amazonas, talvez apareça outro Mergulhão fantasma por aí.)