Parte
- 04
“CONTOS DA AMAZÔNIA QUE ENCANTAM...”
CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE
(A bela Pedra do Guindaste, secular no leito do Rio Amazonas, imponente,
como fonte cultural da mitologia da Amazônia, tem milhares de mitos e lendas
que povoam o imaginário popular)
Por:
Neca Machado – Pesquisadora da cultura tucuju
·
A
MULHER DA CATRAIA
BIOGRAFIA
Neca Machado
(Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia,
através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil,
é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental,
Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia,
fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa,
Oceania, América do Sul) 2016, classificada
em 2016 na obra brasileira
“Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,
classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau
Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista,
Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017,
Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do
Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada,
Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs
na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)
E demonstrando sinais de cansaço,
a velha Pioneira disse: vou te contar mais uma: Lembra da Mulher da Catraia?
E
a cabeça do ouvinte voltou a balançar com o sinal de NÃO!
Sim!
Ela era uma bela Mulher, nasceu no entorno do Igarapé das Mulheres, pegava agua
no Poço do Mato, gostava das quitandas, e gostava muito de cetim, foi iludida
por outra falsa amiga, que já tinha ido a Caiena e fazia a vida por lá,
trazendo uns francos de vezes em quando.
Sem
que a família soubesse, ela arrumou uns pedaços de pano, para que ninguém
notasse sua falta, beijou os filhos que ficaram, ainda olhou muito para eles
porque no pensamento disse que voltaria com muito dinheiro, era bonita, uma
bela morena com seios bem duros, pernas grossas, era alta, nem queria mais
olhar para trás, só pensava no futuro.
A
viagem até o Oiapoque foi terrível, era época de chuva, os carros atolavam na
lama, e ela até se arrependeu da aventura, mas, como já estava no meio do
caminho, resolveu que não ia voltar.
Chegando
no Oiapoque, sem conhecer ninguém, falou com um catraieiro que queria ir para
Caiena que tinha umas colegas por lá que iam lhe ajudar.
O
homem cego de ganancia pelo pouco dinheiro que ela tinha, disse, está chovendo,
vamos tentar, porque agora tem pouco polícia.
E
ela só pensava nos belos vestidos de cetim que ia comprar quando tivesse
dinheiro, gostava dos perfumes franceses, parece que o cheiro de um deles
impregnou em seu nariz, que não saiu mais, e ela sorriu.
A chuva começou fina, a catraia balançava
feito papel, as ondas a queriam engolir, e ela segurava com força seus pedaços
de pano, até se aventurou a rezar.
Foi
quando uma onda mais forte, virou a catraia e os levou para o fundo do mar.
Seu
corpo nunca foi encontrado.
Sua
família soube da catraia alagada por alguns pescadores que a trouxeram de volta
com alguns pedaços de pano que boiaram nas aguas “malditas” como dizia um
caboco na beira do rio.
A
bela Morena que queria somente ganhar uns francos, nunca mais voltou.
Pescadores
ainda se aventuram a procurar seu corpo.
Dizem
que foi comido por tubarão.
Outros
dizem que ela virou estrela.
Mas
muitos, muitos mesmo, afirmou com convicção, sua marca registrada que ELA, mora na Pedra do Guindaste, que fica em noite de Lua cheia vestida de
cetim, esperando seus clientes estrangeiros que passam por Macapá.
Cruz
credo!
Quando
ver uma bela Morena, cuidado, ela gosta de fazer ponto na frente do Hotel.