quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

CRONICAS DA NECA MACHADO

AS LAGRIMAS DE “ALICE” EM UM PAIS SEM MARAVILHAS...



(Foto- Neca Machado - ARQUIVO)


(Neca Machado)
BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017. Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 15 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa em 09.09.2017, A Vida em Poesia, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)





         Quando vi ALICE pela  primeira vez, sentada no chão ao lado de formigas, debaixo de uma arvore em frente a biblioteca pública de Macapá, voltei e a fitei para ver seus belos olhos, numa mistura de dor, de abandono e de desilusões, pensei em chorar pela cena, mas me contive, tentei dar lhe algum dinheiro, mas ela sequer aceitou, apenas me fitou com um olhar penetrante que NUNCA mais saiu de minha memória, até assistir pela televisão local, sua retirada da marquise de um hospital próximo do Natal de 2017, onde já se passavam alguns anos que a vi pela primeira vez.

ALICE não era parte de um enredo infantil de Lewis Carroll, nem era a bela menina sentada em frente ao Rio Amazonas, mas é parte de um verdadeiro DRAMA desde sua infância.
Para muitos que nem sequer sabiam seu nome, era apenas a MULHER DE OLHOS VERDES da arvore da biblioteca, sentada anos com suas roupas maltrapilhas, nem tinha ido a Toca do Coelho (   ) nem tinha sido personagem de uma estória infantil conhecida mundialmente, mas era personagem de uma verdadeira “LAGOA DE LAGRIMAS” onde sua História cheia de prantos, serviria para uma coleção de livros sobre reflexão humanitária, onde sua DOR se agigantou tanto que transformou sua vida em uma verdadeira Lagoa de Lagrimas.
 Próximo do fim do ano 2017 como um presente de Papai Noel, ALICE sai da marquise de um hospital onde se instalou, para uma nova vida (   )?
Sob olhares de pedestres ela não recusou AJUDA, foi levada para ser tratada, depois de maltratada anos pela vida, por formigas e por muitos insensíveis que a tornaram invisível debaixo da arvore no centro da cidade de Macapá-Amapá, onde ela fez morada.
ALICE, É SEU NOME? (   )
Contam tantas estórias a seu respeito, que nem sei onde acreditar.
Uns dizem que ela foi abandonada,
Outros que foi testemunha da morte da Mãe pelo pai...
Que enlouqueceu com o abandono....
Que tinha dinheiro…etc....

ALICE, é a verdadeira estória de um abandono, onde muitas autoridades que passavam ao seu lado sequer mudaram sua história, clamando ao direito humano um tratamento a ela humanitário, mas, enfim, ela agora terá uma nova vida, será?

Talvez quisesse escutar a bela História infantil de “Alice no País das Maravilhas”
Mas quantas ALICES por aí, que nem sequer sabem da estória infantil, que NUNCA tiveram a oportunidade de escutar o enredo de ALICE, e que nem faz falta em suas vidas, sabem da história da ALICE TUCUJU?

ALICE se agigantou para sua dor, deixou o tempo passar debaixo da arvore sem ver um “tal Coelho branco com seu relógio de bolso...” Talvez tenha caído por acaso em uma toca tão profunda, impossível de ver a saída, e debaixo da arvore em frente da Biblioteca pública de Macapá, percebeu mesmo debilitada “milhares de seres e objetos estranhos ao seu redor, todos os dias...”
Talvez a chave dourada que lhe abrirá as portas para um novo olhar da vida, tenha realmente o efeito de abrir sua vida para um novo ano 2018, com um belo jardim cheio de novas esperanças.

Porque durante tantos anos, ALICE só encontrou RATOS.

A vida de ALICE é uma verdadeira corrida sem prêmios.
Sua história longa e muito triste, serve de exemplo, para tantas MARIAS, ALICES......Debaixo de tantas arvores ao redor de milhares de ratos e formigas, sem saúde, sem trabalho e sem esperanças...
E talvez ALICE beba e coma novos sabores, em sua nova vida, aumentando e diminuindo de tamanho a cada novo sofrimento, será?
ALICE é uma menina assustada pela DOR e pelo abandono, com suas crises constantes de transtorno mental, em um mundo que não tem nada de MARAVILHOSO.
ALICE nem sabe recitar poemas,
Mas é um verdadeiro POEMA DE DOR.

Quantas vezes debaixo de sua marquise feito casa, se transformou e viu bebes sendo transformados em porcos? E deve ter sorrido internamente na sua própria insanidade.
Assim ALICE começará (ESPERO) um novo ano de 2018 talvez, em um novo chá (“de loucos”) com tantos novos personagens de uma estória só sua, onde não haverá Reis nem Rainhas, Coelhos, Lagartas, Ratos e Tartarugas...

Mas que ficará em minha memória eterna, a lembrança de seus belos olhos da cor de uma floresta invisível, habitada de esperança.

ALICE, sim! É protagonista de sua própria estória, irracional, mas, cheia de coragem, e que pare o tempo de sofrimento e que possa vir um novo tempo para sua VIDA, CHEIA DE COR E DE ALEGRIA.