quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A REVOLTA DA JORNALISTA ALCINEA CAVALCANTE > VALE A REPRODUÇÃO

Ora bolas, me compra um busto

Postado por: Alcinéa Cavalcante em 23/02/15 as 2:14 pm
Este ano o maior mico do carnaval não foi pago na avenida do samba. Não foi a entrada da Império do Povo sem comissão de frente. O grande mico, o king-kong da quadra momesca, foi o anúncio da mudança de nome da Embaixada de Samba Cidade de Macapá para  Grande Amazônia.
O anúncio foi feito pelo presidente da escola, deputado federal Cabuçu, que justificou que tal mudança visa unicamente “buscar maior abrangência a todos os que moram na Amazônia, universalizar a agremiação e desta forma propagar o carnaval amapaense”.
Ora, ora, que desculpa mais esfarrapada essa. Não precisa e nunca precisou mudar nome de escola de samba para que isso aconteça. Há anos o carnaval do meio do mundo é tão conhecido fora do Amapá que já chegou a ser considerado o quinto melhor do Brasil. Gente do platô das Guianas e dos estados  Pará, Amazonas entre outros  participa do nosso carnaval, seja assistindo ou desfilando nos blocos e escolas de samba, com direito a cobertura dos jornais e TVs francesas. E não se pode esquecer também que nosso carnaval já chegou ao maior templo do mundo da folia momesca: a Marquês de Sapucaí com a Beija-Flor. Portanto, falar que a mudança de nome é para propagar, difundir o nosso carnaval, é desculpa esfarrapada ou desconhecimento de quem se arvora a falar de carnaval sem saber a diferença entre um surdo e um tamborim, ou a vaidade de querer aparecer, tentativa tola de escrever ( a lápis) seu nome na história.
Ora, me compre um busto!
Grave seu nome na história com projetos e ações em benefício do Amapá e seu povo, não tentando apagar – por pura vaidade, repito – a história e a cultura e golpear a memória daqueles que SIM fizeram história e cultura nesta terra.
A Embaixada de Samba Cidade de Macapá foi fundada em outubro de 1964, na avenida General Gurjão (entre as ruas Tiradentes e General Rondon) por um grupo de artistas e carnavalescos como R. Peixe, Alice Gorda (primeira e única Rainha Momo), Raimundo Barros, entre outros. Em plena ditadura fez história com seus enredos satíricos, revolucionou o carnaval amapaense, foi a primeira escola de samba no Amapá a levar alegorias para a avenida e quebrar o preconceito que existia na época contra “moças de família” que desfilavam nas escolas de samba.
Em nota divulgada sexta-feira passada, dia 20, o presidente da escola, deputado federal Cabuçu, diz que “a mudança do nome da agremiação iniciou há um ano, de comum acordo com os seus diretores”. Mas é preciso que eles saibam que a escola não pertecence a eles (diretores)  nem é propriedade de grupo político. A escola é da comunidade. E a comunidade não foi consultada, nem ouvida nem cheirada. Um desrespeito!
Na nota, Cabuçu diz ainda que “prima pelo crescimento do carnaval amapaense e, acima de tudo, pela expansão da arte e cultura do Amapá.”.
Ok. Então que tal, em vez de mudar o nome da escola, garantir emendas no orçamento da União para projetos culturais que promovam a expansão da arte e cultura com inclusão social?
Fica a dica.