terça-feira, 8 de setembro de 2015

MEDICA "DESABAFA NAS REDES SOCIAIS" DEVERIA SER OUVIDA PELO MINISTÉRIO PUBLICO COMO TESTEMUNHA

NO TRAMPO AGORA
Sou médica no Hospital de Clínicas Alberto Lima. Não sou partidária do governo atual, tampouco o era do anterior; mas lembro de ter sido execrada por colegas do grupo de médicos, por ter manifestado minha posição política apartidária, contrária a da maioria, no período das últimas eleições. 
É fato também que nós estamos exatamente no lugar, onde deveríamos estar, porque a maioria trocou seu voto irresponsavelmente, por necessidades imediatistas, ou por conveniência pessoal, e alguns "espertos", porque esperavam "se dar bem" no novo governo. A consciência de cada um que o julgue e penitencie.
O problema é que os que venderam seus votos, não são os únicos a arcar com as consequências de seus atos. Todos, de alguma forma somos afetados
Agora eu estou aqui de plantão com um paciente cardiológico com comprometimento renal, em estado grave, com complicações que demandam atitudes imediatas e precisas para salvá-lo, melhorá-lo ou pelo menos aliviá-lo do sofrimento. Até para proporcionar dignidade se for o caso. Mas terei que assistir impotente, o desfecho de uma evolução, porque não há medicamentos, não há como realizar exames simples, a rede hospitalar de oxigênio é precária, não há ventiladores, desfibriladores, outros equipamentos, e também não ha leitos disponíveis nas UTIs do Estado. Os meus colegas sabem que isso é crime. As demais pessoas que legitimaram através do voto, uma atuação governamental que permite essa situação caótica na qual nos encontramos no serviço público, deveria pensar que essa pessoa que provavelmente irá ao óbito, poderia ser seu filho, seu pai, seu melhor amigo, que pode ser um cidadão trabalhador, que já contribuiu com trabalhos e impostos, sobretudo que é um ser humano que merece nosso respeito e solidariedade. Somos todos responsáveis. A rigor, a responsabilidade é minha, mas a culpa é de vocês.
Aliás, perguntei a ele sobre sua família para solicitar ajuda com medicamentos, e ele respondeu que sua única família é Deus. Meu rosto deve ter se iluminado porque ele também sorriu, apesar di desconforto respiratório. Em seguida eu lhe disse. Então não há o que temer. Vamos rezar?...
Rezemos todos por ele.