quarta-feira, 6 de setembro de 2017

CONTOS DA NECA MACHADO DA AMAZONIA PARA A EUROPA


CONTOS DA BEIRA DO RIO AMAZONAS-AMAZONIA POR NECA MACHADO


BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, de novo em 2017, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, de novo em 2017. Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Coautora na obra lusa, lançada em Lisboa em 09.09.2017, A Vida em Poesia, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)




“Conto publicado no Jornal Diário do Amapá no dia 26 de fevereiro de 2004”
O HOMEM AVARENTO

Era uma vez…”
Todas as estórias infantis começam com a expressão:
“Era uma vez…”
Aos domingos costumo sair em busca de informações preciosas de personalidades tradicionais da Velha Macapá para escrever minhas crônicas, e numa dessas visitas dominicais, descobri segredos e sabedoria de uma grande Mulher.
Ela contou-me historias verídicas de pessoas que conheceu com profundidade. E um deles foi o:

O HOMEM AVARENTO
Começou assim:
“Sabe minha filha conheci um Homem muito avarento”, que só pensava em dinheiro, nunca colocou a família em primeiro lugar só pensava em como encher os bolsos de dinheiro. A mulher uma pobre coitada deu-lhe muita felicidade, mas, ele nunca retribuiu além dos filhos que teve aos montes, só sabia resmungar.
Ela cobrava sua presença na hora dos partos, mas, ele sempre truculento dizia que não era necessário.
Um dia ele ficou cego completamente e aos prantos pedia ao filho mais velho que lhe desse as notas de dinheiro para cheirar.
 Sabia naquele momento que seu esforço foi em vão.

Falou-me também da “Bela Mulher”
Que em sua hipocrisia magoava os amigos, vizinhos e parentes, falava mansamente com a voz sempre doce, como uma Fada, era soberba, orgulhosa, falsa mesmo segundo suas próprias palavras.
Um dia foi acometida de uma doença muito rara ficou irreconhecível os amigos a abandonaram, segundo ela, “estava muito inchada” porem, não perdeu seu ar arrogante, continuava a mesma mulher de outrora.
E ela do alto de sua sapiência continuava a explorar os casos da vida dizendo entre sorrisos: “Minha filha, não existe inimigos”. O único que nos derrota, é o TEMPO.
E EU tive que concordar com ela.



Este Conto foi publicado em 02.07.2003 como Editora de Cultura do jornal DA
MITOLOGIA AMAPAENSE (Expressão registrada em cartório)

UM CLARÃO NA MATA
Estórias Recontadas por Neca Machado
Lá para as bandas do Carvão no município de Mazagão, a densa floresta escondia em seu seio, animais silvestres como: Paca, Cutia, Tatu, Aperema, Muçuã, Capivara, Veado, Caititu, Tracajá, Mucura, Macaco, etc…
Nos finais de semana, descendentes de afros se despiam de suas rotinas e adentravam na mata para a famosa “caça” de aventuras, e numa dessas noites em que a Lua serve de companhia, Camilo e Honorato resolveram “abicorar” a presa.

Os preparativos para a caçada foram planejados com antecedência, roupas surradas para espantar os insetos, querosene para a necessidade do fogo, um lampião, algumas garrafas de cachaça, e a famosa cartucheira “Maria” como gostavam de chama-la.

Os dois Compadres antes de caçarem a presa, resolveram prosear; Honorato o mais ousado, contava mentiras como se fossem verdades, chegava a salivar de satisfação com cada gesto pessoal que transformava em realidade; e dizia:…”se tu soubesses que peguei lá em Santana uma cabocla virgem que ela tremeu de tanta satisfação ia querer ficar três dias de cama, só do cansaço que ela me deu…” Ria alto das mentiras e o outro acompanhava balançando a cabeça sem parar, as vezes confirmava com um gesto de agrado, outras fazia um não de forma que não acreditava.

E assim a noite foi chegando sorrateira, a cachaça servia de companhia, um leve bate, bate nas canelas de alguns Maruins, e foi quando uma Luz forte apareceu de repente sem avisar e com ela um frio de fazer dó.
Honorato esfregou os olhos, virou-se para Camilo e disse: levanta a “Maria” (espingarda) que isso não é Bicho Compadre, “isso é alma de outro Mundo’.
Camilo como um fantasma branco de medo, sem um pingo de sangue no rosto, tentava segurar a arma e não conseguia, tremia feito uma vara verde, parece até que se mijou, foi quando uma pancada o acertou em cheio na nuca, e caiu desfalecido, o olho mal conseguia abrir, a dor de cabeça insuportável, a visão não se firmava e ele desfaleceu de vez.

Honorato descontrolado sem saber o que fazer desandou a correr feito um louco pela mata, chegou a um vilarejo mais próximo com um palmo de língua para fora dizendo: “ é uma Luz, é uma Luz…” Quando acordou a febre o consumia.
“A estória é um relato de Muitos dos Pioneiros que povoaram o interior do Amapá.
Continuo a reproduzir estórias do cotidiano Tucuju (Neca Machado)




ESPERANÇA

Neca Machado -

Muitas vezes nos debruçamos sobre essa tal esperança

De acreditar

Em mudanças
Rumos
Ações
Passos
Compassos
Mutações
Transformações
Em orações

E
nos deparamos com a podridão
Do coração
Das mãos
Da derme
Das mente
Dos dementes
Dos tementes
Dos insanos
Não Hermanos.

E mais uma vez acreditamos nessa tal esperança

De vir
Do porvir
Do servir
Do engolir
Do fugir
Do parir

E na esperança buscamos um caminho

Sem rumo
Sem prumo
Sem vento
Sem vela
Onda
Desanda
Desnuda
Na rua




E lá no fundo da alma ela surge de novo

Sorrateira
Rasteira
Brejeira
Caminheira

Como uma fortaleza
No horizonte
Nos montes
Nas nuvens
Na chuva
Nas flores
Nas águas
Nas marés
Nos igarapés
Sobre os meus pés


E continuo a sonhar com essa tal esperança
Sem querer acordar.


Que muitas vezes traz desesperança

Mas furtiva reacende
Transcende
Se funde
Confunde
Refunde
Reluz
Traduz

Sua luz
Chamada de

ESPERANÇA!


ESPERANÇA