quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"MARIA E OS LEÕES" > CONTO EM HOMENAGEM A MEMORIA DE ANTONIO PEREIRA DA COSTA


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CONTO EM HOMENAGEM AOS 115 ANOS DE ANTONIO PEREIRA DA COSTA
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Neca Machado CONTOS

MARIA E O LEÕES

Por > Neca Machado (Amapaense, nascida no entorno do Poço do Mato Monumento Cultural do Amapá no bairro do Laguinho em 05.08.1961, Administradora Geral, Especialista em Educação Profissional, Bacharel em Direito Ambiental, Artista Plástica Impressionista e Abstrata, Jornalista Colaboradora com DRT-AP e Pesquisadora de Mitos da Amazônia)

Década de setenta no Amapá a bela menina negra com olhos da cor de mel debruçava-se sobre a infância com ar angelical, doce, irrequieta e sonhadora.
Era carinhosamente chamada de Maria pela avó Leopoldina que trazia na verve o sofrimento de seus ancestrais africanos, era rígida em sua educação e tinha por ela um cuidado especial.
Aos domingos saiam as duas cedo do bairro do Laguinho caminhando pelas ladeiras da rua São José em Direção as Docas no bairro Central da cidade rumo a casa do empresário Amadeo Gama que ficava na avenida Coaracy Nunes esquina com a Rua Candido Mendes para serviços domésticos que a avó ajudava e recebia alguns trocados.
Maria a primeira vez que viu os Leões correu de medo, eles imponentes pintados de dourado observavam o rio Amazonas e protegiam a sede do Fórum de Macapá que ficava ao lado da casa do governador, o primeiro contato não foi amistoso o medo imperava, e aquilo ficou em sua cabeça.
Mas os anos foram se passando e o amor pelos Leões permaneceu, ela amava ir aos domingos na casa dos patrões de sua avó, recebia agrados, era tratada como princesa da casa pelo seus belos olhos e cabelos ondulados que faziam dela uma verdadeira Boneca como dizia a Professora Noêmia que também residia na casa de Dona Menan esposa de Amadeo Gama.
Maria não via a hora do serviço da vó acabar para voltarem e ela observar de novo os belos Leões do Fórum de Macapá, seu medo foi acabando aos poucos e ela voltou a sonhar acordada.
Sonhava que passeava em uma floresta encantada com um vestido florido de chita onde a sua companhia eram os Leões do Fórum de Macapá, deu a eles nomes imaginários, subia em seus dorsos e adentrava seu paraíso balançando os braços como a ordenar que os obedecessem com suas jubas cintilantes de um raio dourado que só existia aqui próximo a Linha do Equador.
Maria não conhecia a história do Pequeno Príncipe de Antoine Saint Exupery e nem sabia que os cabelos dourados de seus Leões também tinham participação em suas lembranças. Sonhava acordada quando a avó a fazia retornar à realidade em mais uma visita de domingo dia em que ela passava próximo dos Leões e sempre fazia um ar de sofrimento e choro para que a avó a levasse a ver os belos Leões da Sede do Fórum de Macapá.
Os anos passaram tão rápido que Maria cresceu, conheceu a fabula do Pequeno Príncipe de Antoine Saint Exupery, amou cada vez mais a história, perdeu a avó Leopoldina que morreu e a deixou sem chão, sua Mãe Izabel Quitandeira também faleceu, e ela foi unindo as paixões pelos Leões eles faziam parte de sua trajetória e história, ela nasceu em agosto, tinha no signo os Leões, e resolveu procurar o escultor que tinha esculpido os belos Leões da frente do Fórum de Macapá e começou a escrever sobre ele chegando a ir a Portugal em sua Homenagem porque ele lhe deu um dos sonhos mais importantes de sua infância, viver uma bela história de criança com dois Leões fenomenais.