domingo, 25 de outubro de 2015

MEMORIAS DA NECA MACHADO SOBRE FALSOS AMIGOS.

CASO VII

MEMORIAS SÃO MEMORIAS, A MINHA AINDA ESTÁ LUCIDA (Garcia Marques escreveu sobre SUAS PUTAS TRISTES, EU escrevo sobre falsos AMIGOS)

O ALUNO QUE AJUDEI A CHEGAR A UNIVERSIDADE

A febre das Biografias se espalhou pelo mundo que resolvi escrever minhas MEMORIAS, mas, essas são sobre FALSOS AMIGOS.

EU sou Professora há mais de 23 anos e como de costume o meu coração sempre emotivo teima em querer ajudar alguém. No antigo CCA atual Gabriel de Almeida Café, um de meus alunos resolveu me acompanhar quando vinhamos no termino das aulas caminhando pelo centro da cidade porque moro no bairro do Laguinho, perto de meu local de trabalho, nessa época não tinha carro.
E ele me disse que fazia trabalhos caseiros como limpar quintais e pequenos serviços domésticos, então resolvi pedir que nos fins de semana quando não estivesse ocupado que viesse me ajudar na limpeza do quintal que era grande.
E por esse pequeno serviço lhe pagaria uma quantia.
Assim ele veio no início, foi ficando, já era de casa, lia meus livros, assistia Tevê com meus filhos, e sempre inquieto me dizia que ia a Universidade.
Um belo dia chegou angustiado e me disse que precisava de uma quantia para pagar a inscrição do Vestibular na Universidade Federal do Amapá, naquela época a inscrição era paga, era fora do pagamento e EU não tinha dinheiro, disse que não poderia lhe ajudar naquele momento, mas, ele insistiu tanto, fez várias colocações emotivas que resolvi tirar do dinheiro do pagamento da conta de Luz e dar a ele para pagar a inscrição, e mais uma vez ele reclamou que só dava para o pagamento da inscrição, como ele ia voltar da universidade se não tinha o dinheiro para a passagem de ônibus?
E mais uma vez, lá EU tive que desembolsar também o dinheiro do bilhete.
Assim ele foi, fez a inscrição, fez o vestibular, passou, veio feliz me contar e também vibramos com aquela conquista que era mérito dele. Não me agradeceu pelo dinheiro da inscrição, esqueceu.
Terminou a Universidade, aparecia só quando queria, não tinha mais compromisso comigo, fiquei sem o ajudante.
Quando foi a colação de grau dele, EU pensei que seria a Paraninfa, NADA, nem recebi o convite para a festa.
Passou em um concurso e já era Professor, meu colega de profissão, foi trabalhar no interior. Um belo dia em um curso de pós-graduação encontrei um diretor de uma escola que ele trabalhava e me disse que ele estava lá, perguntei por que não tinha vindo fazer a pós-graduação, e o diretor me disse, ele agora só quer MESTRADO.
E EU só com meus pensamentos:
QUE NÃO BATA NA MINHA PORTA, porque minha colaboração não vai ter.
Sou assim, com muitas lembranças RUINS de gente que ajudei.

PS; Ajudo não esperando retribuição, mas, hoje penso duas vezes em ajudar alguém.