quinta-feira, 19 de março de 2015

Louis Kahn, "até mesmo um tijolo quer ser alguma coisa".



Louis I. Kahn foi um dos mais importantes arquitetos do século XX, da estatura de Le Corbusier, Alvar Aalto ou Mies van der Rohe, embora não seja tão conhecido pelos estudantes brasileiros como estes outros. Em suas obras apareceram grandes inovações formais, confrontando o Espírito da Época de meados do século XX. A composição é sempre feita de formas geométricas elementais, volumetria simples e diáfana, estruturas macivas, materiais aparentes, e faz dialogar a mais alta tecnologia construtiva com técnicas estruturais seculares. Em um tempo em que vigia a expressão coletiva e o anti-individualismo do Estilo Internacional, Kahn devolve ao arquiteto a sua expressão pessoal. À leveza e transparência da arquitetura do vidro, Kahn vai preferir os grandes panos cegos de concreto ou tijolos cerâmicos. A espacialidade funcionalista sera substituída, na sua obra, pelos espaços monumentais; os seus “espaços servidos” ganharão uma importância que não tiveram nos últimos sessenta anos. Louis I. Kahn foi uma influência definitiva para as novas gerações.

Itze-Leib Schmuilowsky nasceu em 1901, de uma família judia pobre  na ilha de Ösel, na Estônia (então parte do Império Russo) e passou parte de sua infância em Kuressaare. Devido à Guerra entre Russia e Japão sua família imigrou para os Estados Unidos em 1905.  Foi naturalizado americano em 1914 e teve o nome mudado por seu pai em 1915 para Louis Isidore Kahn.
Fatos marcantes na sua formação vão influenciar definitivamente a sua obra madura. Diferentemente dos grandes mestres de então, bem como dos seguidores destes, Kahn estudou na Universidade da Pensilvânia segundo a tradição Beaux-Arts. Em 1928, em viagem de estudos na Europa, seu interesse recaiu sobre as ruínas de Carcassone e os castelos medievais da Escócia, mais do que sobre os edifícios clássicos.
Trabalhou, a partir de 1929, com Paul Cret, arquiteto filiado à tradição clássica. Associou-se a seguir com George Howe e Oscar Stonorov, projetando conjuntos residenciais. Sua estadia na American Academy em Roma, em 1950, representou uma virada completa no seu modo de encarar a arquitetura. Disse, logo após, que a arquitetura da Itália permaneceria como fonte inspiradora para obras do futuro. Porém, diferentemente dos arquitetos de tradição clássica, que tomavam esta inspiração de maneira mais figurativa, Kahn vai tomá-la de forma mais abstrata e reflexiva.